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O dia em que
atolei um
4x4 militar
DA REPORTAGEM LOCAL
"Posso subir ali?" "E descer
de ré?" "E andar de lado no barranco?" Quem fazia as perguntas era eu, agora ao volante do
Humvee. A meu lado, paciente,
Riccardo Furlan, 35 anos de experiência com veículos militares, só dizia "sim".
Até que eu virei à esquerda
num atoleiro primeiro e perguntei depois. "Acho melhor
você não...", começou a responder ele. Tarde demais. As
quatro toneladas do monstro já
estavam sendo engolidas por
uma argila mole, e eu não dei a
velocidade necessária no acelerador para que ele passasse ileso pelo obstáculo.
Começou uma novela que só
terminaria duas horas depois,
quando Furlan voltou em um
trator, que por sua vez trazia
um cabo de aço. E não é que o
trator também atolou? Mas era
uma escavadeira, e o motorista
foi ágil o suficiente para sair.
Enquanto esperávamos, porém, no meio daquele mato, fomos visitados por dois maratonistas, que passaram correndo
por perto e deram um clima
das produções do grupo britânico Monty Python à história
toda, e uma suspeita picape
com dois sujeitos, que ficaram
examinando tudo à distância.
"Só faltava não termos morrido no Humvee de Bagdá para
morrermos no de Barueri",
brinquei com Juca Varella. Ele
não achou muita graça.
(SD)
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