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Por R$ 2, mototáxi atravessa Rocinha sem ter capacete nem habilitação
LEANDRO FORTINO
DA SUCURSAL DO RIO
Para Copacabana, são R$ 12;
para o centro do Rio, R$ 20; Tijuca, R$ 25; Duque de Caxias,
R$ 40. Mas, por R$ 2, você cruza a maior favela do Brasil em
cinco minutos, um trajeto que
liga os bairros de São Conrado e
da Gávea, onde está a Rocinha.
Mais baratas e rápidas que os
táxis convencionais, as motos
são o principal meio de transporte dentro de comunidades
cariocas, como as da Rocinha e
do Vidigal, favelas vizinhas.
Mas também servem de táxi,
seguindo os preços acima, para
circular pela cidade com passageiros ou fazer serviços de office-boy, como os motoboys paulistanos. A diferença é que só
saem nas ruas mototaxistas
com carteira de habilitação e
com documentação em dia.
"Quem é habilitado pode ir a
Copa [Copacabana] e a outros
lugares fora da Rocinha", explica o mototaxista Cristiano Santos Moura, 35 -ainda que o
serviço de mototáxi seja proibido por lei em todo o Brasil.
"Quem não tem IPVA pago
nem carteira, se sair daqui, é
preso. Assim como os menores
de 18 anos. Esses motoqueiros
fazem só o serviço padrão, servem apenas à comunidade."
Sem lei
Quando o serviço de mototáxi começou na favela, há mais
de uma década, existiam somente quatro pontos. Hoje já
são 13, espalhados por locais estratégicos da comunidade.
Além de o serviço de mototáxi não ser regulamentado no
Rio, de acordo com o Detran,
pilotar sem capacete é infração
gravíssima, com perda de sete
pontos na carteira e multa de
R$ 191,96. Mas essas leis não
"pegam" na Rocinha. É raro ver
um dos quase 600 mototaxistas
da favela usando capacete ou
mesmo calçado fechado.
Apesar dos riscos que correm
motoqueiros e passageiros pela
falta do capacete, o maior medo
são os assaltos, muito comuns.
"Nosso seguro é continuar respirando", conta Moura, que diz
tirar R$ 1.500 por mês.
Os mototaxistas trabalham,
em média, 12 horas por dia.
Mas, quando há eventos na Rocinha, como shows e festas nos
fins de semana, eles chegam a
rodar mais de 15 horas.
Há três anos na favela, Mano
Cacau, 30, trabalha como fiscal
no ponto Moto Táxi Via, encaminhando passageiros aos táxis
livres. Ele conta que, às 18h,
no horário de pico, o sobe-e-desce é praticamente ininterrupto. Por isso as motos
"voam". "Você pode atropelar
alguém, tem de ter cuidado."
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