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O número mágico da liquidação progressiva
ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REVISTA DA FOLHA
Assim como um trotamundus cronometra os segundos
que antecedem a próxima viagem, os "loucos por uma pechincha" anseiam pela temporada de promoções. Seguem
uma lógica mais ou menos assim: "Para que pagar R$ 300
por esta bolsa, se posso comprá-la pela metade do preço?".
É aí que mora o perigo. Para
alcançar o tão sonhado desconto de 50%, muitas vezes você
terá que comprar ao menos
cinco produtos. Da rua Oscar
Freire aos shoppings, passando
pela popular José Paulino, os
chamados "descontos progressivos" -eufemismo para "pague menos e leve o que não precisa"- estão por toda parte.
Vale aqui um registro: não é
errado oferecer esse tipo de
desconto. Mas a informação de
que será preciso comprar peças
a mais deve estar clara e visível.
E bota muitas peças nisso,
não é mesmo Juliano? Quando
se deparou com o número 70
dominando toda a vitrine de
uma loja de roupas, o produtor
cultural Juliano de Souza, 34,
não se conteve. "Confesso que
na hora não fiz as contas. Meu
objetivo era um só: alcançar
aquele descontão. Imagine,
70%. Não me controlei", diz.
Juliano voltou para casa feliz.
Mas, diz ele, a alegria durou
pouco. O guarda-roupa não tinha espaço para mais sete peças. "Só então caiu a ficha. Fiz
um péssimo negócio. Tive que
doar roupa que nunca usei."
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