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CRÍTICA DE LOJA [questão de gosto e opinião]
O fetiche da joia possível
Joalheria de shopping fica no meio do caminho entre a sofisticação e a tentativa de ser acessível
TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Simbolicamente, quem usa
uma joia se cobre das qualidades superiores atribuídas aos
metais ou pedras de que ela é
feita: pureza, nobreza, exclusividade. O fetiche, que a humanidade arrasta consigo mais ou
menos desde a pré-história,
chegou ao século 21 anacrônico, mas vivo.
Um de seus efeitos
mais melancólicos pode ser visto nas vitrines das joalherias ditas mais acessíveis: para chegar
a um produto supostamente
barato, elas poupam tanto em
design e material que as peças
são tristes de tão inócuas e discretinhas. E nenhuma é exatamente uma pechincha.
A Vivara é um caso diferente.
Em tese, em faixa de preço, fica
a meio caminho entre a tradicional H. Stern e as mais populares. Na prática, tenta, ao mesmo tempo, sofisticar a imagem
e ampliar o público. No primeiro intento, reedita "ações" empregadas antes pela concorrente mais chique, tipo usar personalidades como garotas-propaganda e/ou parceiros na criação de coleções. Às vezes, funciona: Gisele Bündchen como
"rosto" foi boa jogada. Às vezes,
derrapa: "A modernidade, versatilidade e atemporalidade da
cor preta forma (sic) os conceitos chave no desenvolvimento
da coleção", diz o site sobre coleção de Cristiana Arcangeli.
Dominadas por uma foto gigante da gata da vez, Grazi Massafera, as lojas oferecem atendimento individual a quem esperar por uma vendedora. No
Villa-Lobos, numa tarde de sábado, elas eram três e insuficientes. O design das peças é
menos tímido do que a média;
mas, em geral, tende a um clássico que também poderia ser
chamado de convencional.
Peço anéis só de ouro; em dez
minutos, a moça não desenterra mais do que cinco, todos com
aros ou esferas sobrepostas. E
mesmo o mais diferentão, de
fios de ouro trançados, poderia
ter saído da caixa de joias da
minha avó.
O mais barato custa R$ 1.600,
em 15 pagamentos sem juros.
Por pouquíssimo mais, descubro em casa, se compra na H.
Stern um anel de aros curvos e
irregulares, de ouro, assinado
por Oscar Niemeyer.
Fetiche por fetiche, fico com
o do design.
ONDE ENCONTRAR
Vivara
av. Nações Unidas, 4.777,
shopping Villa-Lobos,
tel. (11) 3021-6271, São Paulo
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