|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÍTICA DE LOJA [questão de gosto e opinião]
LEVE PANO, GANHE CROQUI
Loja de tecido das antigas tem time de estilistas ‘residentes’
Quem não tem
'modista' alimenta
os sentidos com mil
tons de musseline,
georgette, cetim de
seda e rendas...
|
TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A GJ Tecidos Finos é dessas
lojas paulistanas que deviam
ser tombadas pelo patrimônio
histórico. Não exatamente
pelas virtudes arquitetônicas
do espaço físico, um predinho
sombrio na Ladeira Porto Geral. Mas sim pela tradição de
70 anos vendendo tecidos
que, dizem os entendidos, só
se acham lá. E basicamente do
mesmo jeito de antes, o que
inclui os serviços, hoje à beira
da extinção, de um time de estilistas residentes que ajuda
quem precisa acrescentar um
bom dado de realidade a um
sonho de vestido de noiva ou
madrinha.
Não que eles saiam desenhando assim, qualquer roupa para qualquer pessoa que
se disponha a esperar na fila,
atrás de pares tensos de mães
e filhas e de famílias que se revezam para entreter o bebê
enquanto a irmã-noiva reavalia o modelo trazido na revista. Para ter direito a um croqui, é preciso fechar negócio,
arrematar o tecido e o que
mais o modelo "social" pedir:
rendas, forros, véu. Aos indecisos, resta a opção de uma
simpática consultoria gratuita, que a loja não nega nem em
meio à loucura do sábado,
quando lota e fecha às 13h.
"Vou a um casamento e
quero um look oriental",
manda uma madrinha renitente. Educado, Marquinhos,
o estilista, humilha: "Mas qual
oriental? Chinês, japonês,
russo?" Depois volta à realidade e sugere um miniquimono de tecido liso com obi (a
faixa que vai na cintura) de
passamanarias, das quais a loja oferece muitas; ou inteiro
de um jacquard francês espetacular, a R$ 180 o metro. A
madrinha vai pensar no assunto, mas eu acho a sugestão
melhor que a encomenda.
Esteja-se ou não a título de
casar ou gastar fortunas em
tecido, a GJ vale a pena. Quem
tem "modista", que é costureira no jargão local, se diverte
mais e erra menos. Quem não
tem alimenta os sentidos com
os mil tons de musseline,
georgette e cetim de seda, os
linhos e algodões bordados
importados da Índia e da Indonésia (alguns em oferta por
R$ 18 o metro) e as rendas guipure que dão vontade de enquadrar e pôr na parede. Com
tanta inspiração, ninguém liga
para a tortura que é mover-se
por corredores poloneses de
jérseis e lãs.
ONDE ENCONTRAR
GJ Tecidos
ladeira Porto Geral, 73, Centro,
tel. (11) 3325-0000, São Paulo
www.gjtecidos.com.br
Texto Anterior: Liquidações Próximo Texto: Dúvidas éticas: O que é melhor: trocar de carro ou manter o velho? Índice
|