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A hora do 'efeito-cebola'
Alterações no clima modificam as coleções de inverno, que ficam mais leves, mas nem por isso menos caras; sobreposições são saída para as variações bruscas de temperatura
LÍGIA MESQUITA
EDITORA-ASSISTENTE DO VITRINE
O guarda-roupa dos anos
2000 não é mais pensado segundo aquelas divisões bem estabelecidas de primavera, verão, outono e inverno, mas sim
em função de uma constante
variação climática. Em um só
dia é possível ter a sensação térmica das quatro estações. Em
conseqüência, entra em ação a
"moda cebola", segundo a qual
as pessoas se vestem em camadas. Começam o dia superagasalhadas e vão tirando aos poucos, até ficar de camiseta.
Com a realidade do aquecimento global, a moda começa a
orientar seus produtos para a
meia-estação, que dialogam
com mudanças bruscas de tempo e o clima tropical do país.
"Há uma sensação de imprevisibilidade. As coleções estão
menos marcadas pela questão
climática", diz Dario Caldas, do
birô Observatório de Sinais.
Não que as roupas do inverno, que começa hoje, estejam
com os dias contados. Mas não
é mais preciso investir muito
nisso. "Agora o consumidor deve pensar em um guarda-roupa
para todas as ocasiões e climas.
Ainda precisa ter roupas leves,
médias e pesadas, mas com freqüências e quantidades diferentes", diz o sociólogo.
Roupas leves no inverno e
peças mais quentes no verão já
fazem parte da coleções da grife
paulistana Uma. Em agosto,
quando a marca coloca à venda
a dita linha de verão, ainda é
frio, e a primeira entrada da coleção tem jaquetas e blazers.
"Temos peças que servem para
as duas estações porque vivemos num país com climas diferentes", diz Roberto Davidowicz, 42, sócio da grife.
Mara Mac Dowell, da grife
carioca Mara Mac, também segue essa tendência. "Já deixamos de fazer roupas pesadas de
inverno. Fazemos casacos fáceis de botar por cima e usamos
tecidos de memória, como o
náilon, que servem tanto para o
inverno como para o verão".
"Os tecidos não têm mais
aquele peso. Trabalhamos com
peças de meia-estação", diz
Fernando Pimentel, diretor da
Abit (Associação Brasileira de
Indústria Têxtil e de Confecção). Os mais usados são lã fria,
malha, tweed e moletom.
O "stylist" e sócio da grife
D'Arouche, Davi Pollack, 35,
crê na tendência que fora do
Brasil é chamada de "seasonless" (sem estação, em inglês).
Mas ele não é fã da "moda cebola". "Acho mais legal compor
um look só com uma peça mais
leve e outra mais pesada", diz.
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