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Preço de jeans caiu em dez anos, nos EUA
CYRUS AFSHAR
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é promoção. O preço de
uma calça Levi's, nos EUA, caiu
de US$ 50 para US$ 46, em dez
anos. O preço de uma camisa da
Ralph Lauren foi de US$ 62,50
para US$ 75. Também caiu.
Isso porque, de acordo com
esse levantamento feito pelo
"The New York Times", a variação do preço da camisa (20%)
ficou abaixo do índice de inflação do período (32%). É o que
se chama, em economês, de
queda real de preços, com alta
nominal. Traduzindo: o preço
subiu na etiqueta, mas a roupa
perdeu valor, descontada a inflação do período.
O fenômeno da queda real de
preços das roupas também é
sentido pelos brasileiros. Sentido, mas não visto -nas etiquetas, os preços subiram. "O que
importa em economia são os
preços relativos. Se o valor de
um produto sobe abaixo dos
preços do conjunto da economia, há queda real", diz Carlos
Soares Gonçalves, 35, professor
de economia da FEA-USP.
O IPC (Índice de Preços ao
Consumidor, da FGV) de setembro de 1994 a maio de 2008
ficou em 211,12%. Já o item
"vestuário" subiu menos:
50,44%. "O preço das roupas,
desde a estabilização econômica, no IPC, foi o item que menos subiu. As roupas ficaram
mais acessíveis", diz André
Braz, economista da FGV.
Uma pessoa que, em 1994,
comprava uma calça por
R$ 100, hoje teria que gastar
R$ 150, se o preço da peça fosse
ajustado pelo item "vestuário"
do IPC. Mas, se em vez de comprar a calça em 1994, o consumidor colocasse os R$ 100 numa aplicação que corrigisse o
valor da inflação do período,
em 2008 ele teria R$ 311,12. Em
outras palavras, o dinheiro que
comprava uma calça há 14 anos,
hoje compraria duas. E ainda
sobraria troco. Nos EUA, com
os US$ 50 de hoje ou de dez
anos atrás, só daria para comprar uma. "A queda nominal
nos EUA, onde a inflação é baixa, pode pesar menos no salário
do que uma queda real de preços aqui", diz Gonçalves.
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