São Paulo, sábado, 21 de junho de 2008

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Preço de jeans caiu em dez anos, nos EUA

CYRUS AFSHAR
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é promoção. O preço de uma calça Levi's, nos EUA, caiu de US$ 50 para US$ 46, em dez anos. O preço de uma camisa da Ralph Lauren foi de US$ 62,50 para US$ 75. Também caiu.
Isso porque, de acordo com esse levantamento feito pelo "The New York Times", a variação do preço da camisa (20%) ficou abaixo do índice de inflação do período (32%). É o que se chama, em economês, de queda real de preços, com alta nominal. Traduzindo: o preço subiu na etiqueta, mas a roupa perdeu valor, descontada a inflação do período.
O fenômeno da queda real de preços das roupas também é sentido pelos brasileiros. Sentido, mas não visto -nas etiquetas, os preços subiram. "O que importa em economia são os preços relativos. Se o valor de um produto sobe abaixo dos preços do conjunto da economia, há queda real", diz Carlos Soares Gonçalves, 35, professor de economia da FEA-USP.
O IPC (Índice de Preços ao Consumidor, da FGV) de setembro de 1994 a maio de 2008 ficou em 211,12%. Já o item "vestuário" subiu menos: 50,44%. "O preço das roupas, desde a estabilização econômica, no IPC, foi o item que menos subiu. As roupas ficaram mais acessíveis", diz André Braz, economista da FGV.
Uma pessoa que, em 1994, comprava uma calça por R$ 100, hoje teria que gastar R$ 150, se o preço da peça fosse ajustado pelo item "vestuário" do IPC. Mas, se em vez de comprar a calça em 1994, o consumidor colocasse os R$ 100 numa aplicação que corrigisse o valor da inflação do período, em 2008 ele teria R$ 311,12. Em outras palavras, o dinheiro que comprava uma calça há 14 anos, hoje compraria duas. E ainda sobraria troco. Nos EUA, com os US$ 50 de hoje ou de dez anos atrás, só daria para comprar uma. "A queda nominal nos EUA, onde a inflação é baixa, pode pesar menos no salário do que uma queda real de preços aqui", diz Gonçalves.


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