São Paulo, domingo, 06 de outubro de 2002

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Análise das informações do levantamento exige cautela

MAURO FRANCISCO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA

A interpretação dos resultados das pesquisas Datafolha publicadas hoje exige cautela. O levantamento não é totalmente preditivo em relação ao que irá ocorrer nas urnas neste domingo.
Às vésperas da eleição, 26% mostravam-se ainda indecisos na pergunta espontânea, 18% dos que escolheram algum candidato ao serem estimulados com os nomes admitiam ainda mudar o voto, 33% desconheciam o número de seu candidato à presidente, e 16% esperavam ter dificuldades em votar na urna eletrônica.
Essas características estão mais concentradas na faixa do eleitorado de baixa escolaridade, do sexo feminino e com idade acima de 45 anos. É um número suficiente para provocar mudanças que alterem as mínimas diferenças que separam a decisão sobre a realização de segundo turno e, em havendo, quem será o adversário de Lula.

Último momento
Há portanto um número significativo de eleitores deixando a decisão para o último momento.
São passíveis de influência das ondas de repercussão do último debate, do noticiário noturno da TV, do direito de resposta de Serra na noite de ontem, dos últimos resultados de pesquisas, das conversas finais com amigos e parentes e do clima nas proximidades do local de votação.
São também eleitores que têm maior propensão a errar o voto. Não é possível garantir ainda que, da forma como está formatada, a urna eletrônica seja um instrumento adequado para o eleitor de baixa escolaridade expressar seu voto.
Comparações entre votações semelhantes na urna tradicional em relação à urna eletrônica mostram que cresce a taxa de votos nulos, devido a erros, enquanto caem votos brancos.

Problemas
Um forte indício de que há erros na urna eletrônica é que, nas eleições para governo dos Estados em 98, por exemplo, a taxa de votos brancos e nulos foi menor no segundo turno do que no primeiro.
Seria lógico que os que anularam o voto no primeiro turno repetissem a opção no segundo, acrescidos de parte dos que votaram em outros candidatos. Em São Paulo, por exemplo, ocorreram 14,7% no primeiro turno, caindo para 7,7% no segundo.
Os números de hoje expressam, portanto, a opinião dos eleitores antes das últimas influências e não capta os possíveis erros na urna eletrônica.


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