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ALAGOAS
Com ataques, Collor tenta a 'ressurreição'
MÁRIO MAGALHÃES
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ
Único ex-presidente da República a concorrer nas eleições, Fernando Collor de Mello busca hoje,
em condições dramáticas, uma
segunda vida na política em seu
primeiro pleito depois de ter sido
afastado do Planalto por impeachment em 1992 e ter os direitos políticos suspensos até 2000.
Collor (PRTB) tenta impedir a
reeleição de Ronaldo Lessa (PSB)
para o governo de Alagoas. Levantamento do Ibope divulgado
ontem mostra Lessa com 53% dos
votos válidos, seguido de Collor,
com 39%.
A margem de erro é de 3,5 pontos. O governador pode se reeleger hoje. Os senadores Renan Calheiros (PMDB), com 58%, e Teo
Vilela (PSDB), com 56%, estão
virtualmente reeleitos.
A Justiça Eleitoral proibiu ontem a divulgação de pesquisa de
um instituto de opinião de propriedade da família Collor.
O jornal de Collor, a ""Gazeta de
Alagoas" terá de publicar hoje
uma manchete como direito de
resposta concedido a Lessa. Dois
cabos eleitorais foram presos supostamente comprando votos em
Delmiro Gouveia (AL).
Treze anos depois de disputar
sua última eleição, em 1989, Collor pareceu determinado a reviver
na campanha o estilo do triunfo
anti-Lula e mesmo o da vitória
para o governo alagoano, em
1986. Mantém os gestos de dedo
em riste e punho cerrado, o bordão ""minha gente".
Sua entourage é a República de
Alagoas com projeto de sobrevida. Se o tesoureiro Paulo César
Farias não está mais a postos
-foi morto em 1996-, um irmão faz as vezes de coordenador
de finanças: Luís Romero Farias.
Outro irmão de PC, o deputado
federal Augusto Farias (PPB),
quer se reeleger pela coligação
collorida. O ex-secretário-particular Cláudio Vieira é um consultor jurídico onipresente. O tenente-coronel da Polícia Militar Dário César Cavalcante, chefe da segurança de Collor em Brasília,
exerce função idêntica na campanha.
Mas o Collor de hoje às vezes
parece um simulacro do do passado. Não só pelos cabelos pintados
com uma cor não-identificada em
tonalidade acaju, ou pelo rosto no
qual os adversários vêem os efeitos de botox. Também pela agressividade ainda maior.
Baixo nível
Insinuações de Collor sobre a
sexualidade de Lessa, a quem se
refere como ""Rosinha", viraram
assunto público em Alagoas, tratado pelas duas campanhas.
Quanto mais sentiu o temor da
humilhação da derrota em seu Estado, mais Collor radicalizou.
No seu comício na quinta-feira,
em Arapiraca, voltou a comentar
a promessa do apresentador Ratinho de enviar um caminhão de
capim para os alagoanos caso o
ex-presidente seja eleito.
Collor chamou Ratinho de ""safado" e ""bunda gorda". Disse para
não enviar o capim agora, pois, se
a carga chegar ao palácio do governo do Estado, será ""comida
por um veado".
No mesmo ato, Collor pediu votos para o filho mais velho, Arnon
de Mello, candidato a deputado
federal que concorre sozinho na
legenda do PRTB. Será derrotado
se não atingir o coeficiente eleitoral necessário.
Na mesma quinta, Ronaldo Lessa, 53, qualificou, no seu comício,
Collor de ""corrupto". Sugeriu que
o oponente fosse ""internado no
manicômio judiciário".
A prefeita de Maceió, Kátia
Born (PSB), já havia dito que ""é
melhor ser veado que ladrão".
Collor a chamou de bolachuda
(lésbica).
Assim caminha o século 21 em
Alagoas.
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