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CÂMARA OCULTA/OUTRO LADO
João Paulo Cunha informa que funcionários de Osasco ficam "ora em SP, ora em Brasília"
Viagens são normais, afirma presidência
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA
O presidente da Câmara dos
Deputados, João Paulo Cunha
(PT-SP), informou, por meio de
seu assessor de imprensa, Luis
Costa Pinto, que a atuação em
Osasco (SP) de assessores lotados
na presidência da Casa se deve à
prestação de "serviços para o presidente da Mesa, ora em Brasília,
ora em São Paulo, junto às suas
bases".
Segundo Pinto, "há funcionários que ficam viajando entre São
Paulo e Brasília". Ele disse que há
35 CNEs no gabinete de Cunha.
Desses, 33 passariam por "controle de frequência diária".
"Nenhum deles trabalha no Estado. Todos trabalham em Brasília e estão vinculados ao gabinete
em Brasília, mas eventualmente
viajam, sim, para São Paulo, que é
onde o deputado tem base. Viajam para Osasco e ficam fazendo
trabalhos que, às vezes, passam
[tomam] três, quatro dias. Voltam para Brasília e prestam conta
desse trabalho para o deputado e
seu gabinete", afirmou o assessor.
A Folha localizou em Osasco
funcionários lotados na presidência da Casa atuando no escritório
político de João Paulo Cunha. Em
entrevistas gravadas, um disse
que "de vez em quando" vai a
Brasília e outro afirmou que "não
vai" ao Distrito Federal.
O presidente da Câmara delegou ao assessor de imprensa a tarefa de explicar a situação dos
CNEs na Casa. Segundo o assessor da imprensa, o presidente da
Câmara concorda com os termos
do ato da Mesa número 11, de
1995, que permite ao titular da seção liberar o uso do controle diário do ponto dos CNEs sob sua
responsabilidade. "Sim [concorda]. Se há um ato da Mesa, sim",
disse o jornalista.
Indagado sobre o comentário
que o presidente da Câmara poderia fazer a respeito de CNEs que
atuam nos Estados, como na Bahia, em trabalho político-eleitoral,
Pinto afirmou: "Nenhum".
A reportagem quis saber se João
Paulo Cunha concordava com o
fato de funcionários que ocupam
CNEs estarem trabalhando nos
Estados. "Ele não tem que concordar ou discordar sobre questões que não são diretamente
apresentadas a ele. Quando houver um caso específico, ele irá
apreciar", respondeu Pinto.
Cortes em 2004
O assessor de João Paulo Cunha
disse que o deputado assumiu a
presidência da Casa com 1.954
CNEs nomeados. No último dia 7,
esse número era de 1.960. O gasto
total com os vencimentos desses
funcionários deverá passar de R$
94,7 milhões em 2002 para R$ 97
milhões em 2003.
No entanto, o assessor disse que
a Casa projeta "uma economia de
10%" nos gastos nesse setor no
ano que vem. Atribuiu essa perspectiva aos efeitos futuros de um
ato baixado pela Mesa na atual legislatura, cujo número disse não
saber, que teria proibido demissões e recontratações imediatas
de ocupantes de CNEs.
Segundo o assessor, essa prática
permitia que o ocupante de um
cargo de CNE recebesse uma indenização por ter sido exonerado
-que representava até dois salários a mais num único mês-,
mas logo era contratado pelo
mesmo deputado que o demitira.
Os secretários da Mesa Severino
Cavalcanti (PP-PE), Nilton Capixaba (PTB-RO) e Ciro Nogueira
(PFL-PI) disseram não ver problemas na atuação de assessores
da Mesa nos Estados. Cavalcanti
disse que todos os seus CNEs
atuam em Brasília. O segundo vice-presidente, Luiz Piauhylino
(PSDB-PI), não foi localizado.
(RV e JM)
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