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CÂMARA OCULTA
Motorista se diz coordenador político de João Paulo Cunha em Osasco, mas só vai à Casa "de vez em quando"
Direção da Câmara tem assessores em Osasco
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Foi com um cartão de visitas
com o brasão da Câmara dos Deputados e com a inscrição "assessor da presidência" que Valdir Pereira Roque, 39, recebeu a reportagem no escritório político do
deputado João Paulo Cunha (PT-SP), inaugurado há dois meses em
Osasco (Grande São Paulo).
Roque afirma que conhece o
presidente da Câmara há 13 anos
e começou a prestar serviços ao
político paulista como motorista.
"Hoje eu tenho uma grande responsabilidade. Fui crescendo junto com o deputado, mas continuo
dirigindo para ele, às vezes. Gosto
de dirigir para ele quando ele vem
de Brasília", disse.
Roque se define como "coordenador político" do PT e do deputado paulista em São Paulo.
"Meu trabalho aqui é político.
De organização política. Temos a
responsabilidade de organizar o
partido no Estado. Seja em Osasco, seja em São José do Rio Preto.
Em todos esses lugares, há gente
que votou no João Paulo."
O assessor da presidência, que
diz ir a Brasília "de vez em quando", foi nomeado em fevereiro. O
cargo que ocupa dá direito a salário de R$ 7.428,77. Segundo suas
próprias palavras, ele não tem nenhuma relação com a rotina de
trabalho do setor de onde é efetivamente funcionário.
"Minha rotina é aqui em Osasco. Mas eu vou de vez em quando
a Brasília para encaminhar algumas questões do gabinete, para
ajudar no gabinete. Vou mais para fazer encaminhamentos burocráticos. Com os trabalhos da presidência, eu não tenho ligação."
No mesmo escritório, estava
Antônio Onofre França de Queiros, 45, que desde 1992 trabalha
com João Paulo Cunha.
"Eu sempre atuei nos movimentos sociais, em sindicatos.
Conheci o deputado e começamos a trabalhar juntos", disse.
Queiros também não desenvolve atividades para a presidência
da Câmara. Ele afirmou que está
mais envolvido com atividades
sociais e de representação política
do deputado.
"O nosso trabalho é um pouquinho de tudo. Desenvolvemos um
trabalho grande de representação
do João Paulo em Osasco e na região. Representamos, por exemplo, em uma festa, em uma atividade política, em uma cerimônia
religiosa..."
Quando questionado se teria
que viajar a Brasília para desenvolver alguma função, Queiros
disse: "Não vou a Brasília. Meu
trabalho é aqui na região. Quando
ele [João Paulo] vem pra cá [Osasco], ele passa as informações para
a gente".
Filho de Paim
Outro funcionário nomeado
por João Paulo Cunha na presidência da Câmara foi Jean Cristian Paim, filho do senador Paulo
Paim (PT-RS), com um salário de
R$ 3.610,43. Apesar de formalmente vinculado à Câmara nos
últimos quatro meses, ele estudava e estuda direito em uma universidade de São Leopoldo (33
km de Porto Alegre).
A Agência Folha deixou recados
para Jean Cristian de quarta a sexta-feira, mas ele não respondeu.
Segundo o senador Paim, o filho
foi exonerado na semana passada.
Ele afirmou que Jean "prestava
assessoria para projetos" da presidência. De acordo com Paim, o filho desistiu do trabalho porque
perdia muitas aulas e gastava
muito com passagens aéreas.
"Ele tinha que estar indo e voltando [a Brasília]. Gastava mais
com passagens do que [ganhava]...", disse o senador.
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