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RIO DE JANEIRO
Prefeito acredita que não repetirá histórias de fracasso de afilhados que romperam com padrinhos políticos
Conde nega risco em ruptura com Maia
DA SUCURSAL DO RIO
O prefeito do Rio, Luiz Paulo
Conde (PFL), não acredita que o
rompimento com Cesar Maia
(PTB) possa prejudicá-lo junto ao
eleitorado, repetindo histórias de
fracassos sofridas por outros políticos que traíram seus padrinhos.
Maia deixou a prefeitura, em
dezembro de 1996, com 52% de
avaliação ótimo ou bom, segundo
pesquisa Datafolha. Em levantamento de maio passado, Conde
aparece com 41% de aprovação.
A boa avaliação de Maia ao final
do governo foi fundamental para
ele ter conseguido fazer de Conde
seu sucessor. Em julho de 1996,
quando a campanha começou,
Conde, que havia sido o secretário
de Urbanismo da gestão de Maia,
tinha só 4% das intenções de voto.
O empenho de Maia, que praticamente monopolizou o horário
eleitoral gratuito, fez o candidato
saltar para 24%, um mês depois.
Na eleição deste ano, Conde alça
vôo de um patamar mais alto e
acredita que já criou asas para
construir a própria vitória. Ele
tem 13% das intenções de voto,
segundo a pesquisa do Datafolha
realizada nos dias 23 e 24 de maio.
Cesar Maia tem 20%, indicando
que, mesmo fora da prefeitura há
quatro anos, ele ainda mantém
prestígio, apesar da derrota que
sofreu para Anthony Garotinho
(PDT), quando tentou disputar o
governo do Estado, em 1998.
"Não fui eu que briguei com Cesar Maia, foi ele que brigou comigo", afirma o prefeito, para quem
as cidades que têm melhor qualidade de vida são aquelas com governos de continuidade.
"O problema dele ou do (Celso)
Pitta, em São Paulo, é que fizeram
apenas isso, governos de continuidade, sem acrescentar uma
marca própria", afirma Maia.
O ex-prefeito diz que Conde só
trouxe como novidade a imagem
de homem conciliador. "Mas, na
hora do jogo, o povo gosta é do
Romário, polêmico, que faz gol",
provoca o ex-prefeito.
Conde considera que a imagem
de conciliador é justamente uma
das suas qualidades mais apreciadas pelo eleitor. "Não sou brigão,
não fico trocando de partidos, minha cabeça não consegue entrar
nesse sistema político onde um
dia você apóia alguém e no outro
faz alianças contra ele", diz.
O prefeito, novato na política,
mostra que vem aprendendo rápido as regras do jogo. Na semana
passada, ele novamente protagonizou cenas de aproximação com
Garotinho, anunciando projetos
integrados entre a prefeitura e o
governo estadual. Desempenhou
o seu papel de conciliador, que
age em benefício da cidade, sem
pensar em coloração partidária.
Quando Conde se aproxima do
governador, além de projetos,
também leva em conta a boa avaliação que Garotinho tem nas pesquisas. Inclusive nas pesquisas
que ele mesmo encomenda a Ibope, Sample e Retrato e Gerp, os
institutos que trabalham para a
prefeitura e para o PFL.
Essas pesquisas são mensais
desde março de 1999, e por elas o
prefeito identifica a satisfação em
relação ao seu governo. Além dele, as pesquisas também avaliam o
desempenho de Garotinho e Fernando Henrique Cardoso.
Outros dados que são apurados
são os relativos à intenção de voto. Com eles nas mãos, Conde escolheu como seu coordenador de
campanha o jornalista Luiz Alberto Bettencourt, seu assessor na
prefeitura. Bettencourt diz que
seu trabalho será reforçar na campanha os atributos de Conde.
"Ele é reconhecido como um
político de centro-esquerda, apesar de estar no PFL. É um homem
que nasceu para ser prefeito e não
vai usar a prefeitura como trampolim", afirma o jornalista, para
quem Conde está disputando o
mesmo eleitorado de Cesar Maia.
O cientista político Nelson Carvalho, professor da Universidade
Cândido Mendes, assessora Maia
desde 1992. Segundo ele, o eleitorado típico de seu candidato é o
morador do Rio empregado formalmente, com renda em torno
de R$ 1.300 mensais, que vive na
região do Méier, zona norte.
Carvalho diz que a campanha
de Maia parte do pressuposto de
que o processo político brasileiro
criou uma extrema racionalidade
no comportamento do eleitorado,
mesmo nas camadas mais pobres.
"A época da campanha é de informação, por isso não há como enganar o eleitor", afirma.
É ele que analisa as pesquisas
mensais encomendadas por Maia
junto ao instituto GPP, desde
agosto de 1999. Carvalho diz que
esses levantamentos apontam
que o eleitor reconhece em Maia a
imagem do realizador e que Conde seria visto como um continuador das obras do ex-prefeito.
O coordenador do instituto Data UFF, Alberto Carlos Almeida,
afirma que as eleições do Rio começam com os candidatos em patamares semelhantes de intenção
de voto e que a disputa se divide
em dois blocos, governo (Conde e
Maia) e oposição -Benedita da
Silva (PT), Leonel Brizola (PDT) e
Sérgio Cabral (PMDB).
Conde e Maia dizem que não farão ataques durante a disputa,
mantendo o nível dos programas
de TV. Segundo o juiz Antônio
Jayme Boente, responsável pela
fiscalização da campanha eleitoral, não houve representação contra eles até agora. A campanha
oficial começa em 6 de julho.
(ANTONIO CARLOS DE FARIA)
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