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SÃO PAULO
Discurso de pré-candidato do PFL, que deve ser confirmado hoje, é uma miscelânea de projetos de adversários
Tuma anuncia "programa de retalhos"
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
A plataforma eleitoral do senador Romeu Tuma, nome que o
PFL lança oficialmente hoje para
a Prefeitura de São Paulo em sua
convenção municipal, é uma miscelânea de projetos já alardeados
ou testados por diversos partidos.
Dos tucanos, vieram o programa de saúde Qualis e as obras do
Rodoanel. Da gestão da então petista Luiza Erundina, as subprefeituras. De um político que migrou
do PFL para o PTB, o projeto fluminense de urbanização batizado
de Favela-Bairro.
"Não há mágica. Não vou fazer
uma coisa para rotular que é minha. Não há ideologia na crise. Estou preocupado em atender às necessidades da cidade", justificou
Tuma, em entrevista à Folha na
última sexta, enquanto ensaiava
diante das câmeras para o debate
de amanhã na TV Bandeirantes.
O Qualis -versão paulista do
Programa de Saúde da Família do
Ministério da Saúde- é um programa de atendimento domiciliar
que funciona por meio de uma
parceria entre a Secretaria do Estado da Saúde e a Fundação Zerbini, utilizando recursos federais.
As subprefeituras reagrupariam
as regionais, e os subprefeitos
-indicados pelo prefeito- teriam autonomia para decidir
questões locais sob fiscalização de
um conselho da comunidade.
O Favela-Bairro, iniciado no Rio
na administração do ex-prefeito
Cesar Maia, tem o objetivo de integrar as favelas à cidade por meio
de ações urbanísticas e sociais.
O Rodoanel é uma obra viária
que contorna a capital e visa aliviar o trânsito e a poluição, desviando do centro veículos que
apenas precisam cruzar a cidade.
Tuma confirma, porém, que todas as propostas vêm na esteira da
bandeira da segurança, que considera um dos maiores problemas
da cidade e à qual acredita que sua
imagem de "xerife" está inegavelmente ligada. "O xerife, em árabe,
é quem protege a cidade. Essa é a
função do prefeito", diz ele.
Com quatro pontes de safena e
20 kg mais magro, o senador pouco se parece com o homem que
esteve por quase 25 anos à frente
da Polícia Federal e do extinto
Dops (Departamento Estadual de
Ordem Política e Social).
Fala mansa, ele já não anda armado, emociona-se com facilidade e define-se como um político
de centro -"capaz de atrair o capital para desenvolver o social".
"Passei por um momento difícil
na minha vida e fui preservado.
Poderia não estar aqui. Então,
prometi a Deus que daria minha
resposta no serviço público. Hoje,
quero servir", diz o senador.
Na conversa, Tuma só não poupou Paulo Maluf e seu afilhado
político Celso Pitta. "Zorra" foi a
palavra que usou quatro vezes para definir a situação em que as
duas gestões deixaram a cidade.
Criticou o PAS ("um fracasso
que só visa o lucro"), combateu as
catracas eletrônicas ("que vendem a tranquilidade do motorista
por centavos") e descartou o Fura-fila ("improvisação eleitoral").
Hoje, Tuma deve chegar à convenção do PFL por volta das 13h.
De lá, diz, seguirá para a convenção do possível aliado -o PMDB,
que ainda enfrenta resistência nas
bases contra a coligação.
"Não temo pela coligação", afirma o senador, que tem 7% das intenções de voto de acordo com o
Datafolha. "Mas eles têm o direito
de decidir. Se acharem que eu não
sou o melhor candidato, vou respeitar a decisão e vou até o fim
mesmo sem coligação. Eu não pedi para ser candidato. Juro que
não pedi. Fui procurado pela direção do partido, que tinha feito algumas pesquisas e concluiu que
eu era o melhor. Agora está decidido. Vou pôr o bloco na rua."
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