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Senador diz não
temer ataques
pelo passado
DA REPORTAGEM LOCAL
Nome ligado ao regime militar, Romeu Tuma afirma que
não considera o passado seu
calcanhar-de-aquiles.
O senador nega ter participado da tortura do período ou ter
sido conivente com ela, afirmando que só cumpriu a lei.
"Não servi ao regime, mas ao
Estado", diz ele. "Nunca tive
dor de consciência, porque
nunca fizeram na minha frente.
Eu nunca permiti que fizessem", continua, referindo-se à
tortura e à morte de presos políticos no regime militar.
Tuma trabalhou no Dops
(Departamento Estadual de
Ordem Política e Social), um
dos órgãos responsáveis pela
repressão, durante 17 anos (de
1966 a 1983). Até 1977, foi delegado. Depois, foi diretor.
De acordo com familiares de
desaparecidos, Tuma teve com
o regime mais do que uma simples vinculação burocrática.
As famílias sustentam que,
em pelo menos quatro casos,
Tuma teve envolvimento direto no esquema repressivo
-ratificando as versões oficiais sobre as mortes ou omitindo informações. No país,
369 pessoas foram mortas.
O senador nega o envolvimento e afirma que tentaram
substituí-lo do Dops quatro vezes porque ele "não fazia o que
queriam". Citados dois desses
quatro casos, Tuma diz que
mandou investigar e que sempre deu informações às famílias que o procuraram.
"Eu nunca voltei para casa
com a consciência intranqüila
porque sempre achei que
quem respeitasse a lei não teria
passado sujo para contar. E o
meu passado é a minha atividade, que sempre foi pública. Não
tenho passado de arrependimento. Se tivesse, teria ido a
um confessionário pedir perdão a Deus. Não precisei fazer
isso. Porque não tenho nenhum pecado capital."
O senador aproveita o assunto para criticar os que "se isentaram de uma participação ativa, não correram risco, foram
para o exterior e hoje estão
mandando, colhendo o fruto
do sofrimento dos outros".
"No regime autoritário ninguém é feliz, nem quem tem a
força nem quem tem que respeitar o regime da força. Você
vê a tristeza no povo nas ruas",
afirma hoje o candidato.
(SC)
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