São Paulo, domingo, 05 de janeiro de 2003

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Estados querem atingir 100 mil em três meses

ARMANDO PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dez Estados do país vão tentar alfabetizar 100 mil pessoas em três meses, de fevereiro a abril. A idéia é provar que o ataque ao analfabetismo pode ser rápido e eficiente.
Os Estados são Acre, Bahia, Ceará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.
"Vamos mostrar que a erradicação do analfabetismo é possível", diz o secretário da Educação e Cultura de Canindé (CE), Francisco Celso Crisóstomo Secundino. A cidade, de 70 mil habitantes, cujo prefeito é do PPB, é uma das que adotaram no ano passado o modelo do Analfabetismo Zero.
A secretária de Alfabetização do MEC, Esther Grossi, sugeriu ao ministro da Educação, Cristovam Buarque, que o programa seja implantado nacionalmente. A grande vantagem seria a rapidez.
O método promete fazer um adulto ler e escrever textos simples em 90 dias.
Os sistemas tradicionais usam no mínimo um ano. A rapidez é importante porque reduz a desistência, que chega a ser de 50%.
Um dos grandes entraves, no entanto, é a formação dos professores. Ela também promete ser relâmpago, feita em cinco dias.
"A capacitação dos professores é um problema. Os cursos de pedagogia das universidades não dão instrumentais eficazes para a preparação docente", afirma Crisóstomo. Canindé é uma das 14 cidades do país que têm projetos contra o analfabetismo implantados com a assessoria da ONG Geempa (Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação), vinculada à deputada Esther Grossi.
O índice de analfabetismo em Canindé é de 36% entre os habitantes a partir de 15 anos. A média nacional é de 13,6%. Apesar da dificuldade em treinar professores, o secretário da Educação da cidade diz que o projeto realmente é mais rápido e alfabetiza bem.
Segundo Crisóstomo, a evasão era de 50%. E, entre os que terminavam o curso, só metade era realmente alfabetizada.
Edi Leal, secretária da Educação e do Desporto de Quixadá (CE), outra cidade que adotou o modelo do Geempa e cuja prefeitura é petista, faz a mesma avaliação. "A diferença entre os métodos é que os alunos lêem e escrevem em três meses, e a evasão é zero." A cidade tem taxa de analfabetismo em torno de 18%.
Em São Borja (RS), cidade de 65 mil habitantes administrada pelo PPB, a avaliação é também positiva, segundo o secretário da Educação, Carlos Roberto Bestetti.
Em São Paulo, o Mova Brasil (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos) usa metodologia diferente e alfabetiza no período de seis meses a um ano.
O sistema enfrentou problemas burocráticos desde sua implantação, em meados de 2001. Os monitores tinham promessa de receber seus salários a partir de julho daquele ano, mas a maioria dos convênios só foi firmada em fevereiro de 2002. Mesmo depois dessa data, houve atrasos.


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