ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

As redações produzidas na segunda fase da Fuvest, que cerca de 27 mil candidatos devem começar a fazer hoje, têm como principal problema a falta de ousadia, segundo Maria Thereza Fraga Rocco, vice-diretora-executiva da Fuvest e professora da Faculdade de Educação da USP. Há 22 anos ela elabora estudos sobre as redações dos candidatos da Fuvest.
A prova de redação é feita apenas pelos candidatos que conseguiram passar por uma primeira seleção, que deixou de fora da segunda etapa 133.430 inscritos.
Segundo ela, durante o período que tem analisado as redações, a qualidade dos textos melhorou "consideravelmente", mas alguns problemas persistem. "Hoje dificilmente encontramos erros absurdos, como falta de coerência e textos trazidos prontos de casa."
Hoje, a maioria dos candidatos não comete esses erros, mas muitos seguem sempre o mesmo padrão. "Muitos vestibulandos não conseguem se livrar da camisa-de-força de um modelo pronto de texto. Eles começam com uma visão geral sobre o assunto, depois colocam expressões como "por um lado", expressando um ponto de vista, depois "por outro", ou "entretanto" e terminam com "por isso" ou "concluindo"."
Fugir do tema, segundo ela, é outro problema ainda comum nas redações. "Alguns vestibulandos, mais apressados, não lêem a proposta inteira e produzem textos fora do que foi pedido."
Uma recomendação é que o candidato faça um rascunho da redação. "O rascunho serve como um pré-projeto, é uma forma de corrigir e melhorar o texto. Dificilmente o texto final sai igual ao primeiro."

Única obrigatória
A prova de redação e português é a única obrigatória para todos os 27.717 aprovados para a segunda fase. No total, foram 161.147 inscritos para apenas 8.711 vagas.
O horário de início das provas da segunda fase é o mesmo da primeira -os portões fecham às 13h, mas é recomendado chegar meia hora antes. Os locais de exame estão disponíveis no site www.fuvest.br.
Amanhã, os candidatos fazem as provas de história ou química, na terça, de geografia ou biologia, na quarta, de física e, na quinta, de matemática. Os vestibulandos têm de fazer apenas os exames relacionados à sua carreira.
Fraga Rocco recomenda que o vestibulando responda o mais objetivamente possível às questões. As respostas devem ser completas e inteligíveis. Se houvesse uma pergunta "em que anos estamos", por exemplo, o candidato deveria escrever "estamos no ano de 2003" e não apenas "2003".