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FORTALEZA
Pelo menos R$ 1,8 mi para comprar merenda escolar teria sido desviado
CPI quer cassação de prefeito e genro
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Relatório final da CPI da Merenda Escolar, da Câmara Municipal
de Fortaleza, divulgado anteontem, pede a cassação do prefeito
Juraci Magalhães (PMDB) e de
seu genro, o deputado estadual
Sérgio Benevides (PMDB), por
improbidade administrativa.
O Ministério Público Federal informou que, com o relatório, irá
pedir o afastamento imediato dos
dois políticos para continuar as
investigações.
A CPI apurou que pelo menos
R$ 1,8 milhão teria sido desviado
da verba federal destinada à merenda escolar, entre 1998 e 2000,
por meio de dispensas de licitação
irregulares, tráfico de influência,
superfaturamento na compra de
alimentos e fraudes na entrega de
merenda. O TCU (Tribunal de
Contas da União) já havia condenado a prefeitura a devolver R$
4,6 milhões aos cofres públicos
pelas irregularidades.
Nos quatro meses de investigação, a CPI concluiu que o genro
do prefeito era a figura central do
esquema de desvio de verbas e do
pagamento de propinas.
Um assessor do deputado, Alexandre Cals Gaspar, era o procurador de duas empresas que forneciam merenda para a prefeitura, a J&D e a Mares.
Em depoimento, um ex-sócio
de Benevides, Francisco Robério
Rodrigues Romero, disse que foi
intermediário no repasse, à conta
bancária do deputado, de R$ 184
mil, que havia recebido da empresa J&D. Com o dinheiro, segundo
Romero, o genro do prefeito teria
reformado a casa onde mora.
Romero também afirmou que
um ônibus que está em nome de
sua empresa, Robério Comércio
de Materiais de Construção, na
verdade seria do deputado e estaria sendo utilizado para transportar sua banda de forró. A antiga
proprietária do ônibus, Magda
Roberta Socorro, confirmou, em
depoimento, que vendeu o veículo a Benevides e que o cheque do
pagamento era do dono da J&D.
Benevides chegou a ir depor na
CPI, após decisão judicial, mas ficou calado. Juraci recebeu um
convite, mas não respondeu.
Segundo o relator Heitor Férrer
(PDT), foi incluído o pedido de
cassação do prefeito porque Juraci não se pronunciou em nenhum
momento à CPI, deixando, inclusive, de enviar documentos solicitados pela comissão. "Houve conivência ou omissão", disse.
Juraci não quis comentar a decisão da CPI nem as denúncias de
irregularidades. Benevides e Gaspar não foram encontrados.
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