|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Indiciado em 2000, policial agora é suspeito de extorsão
Mesmo já tendo sido preso, Régis Xavier de Souza não foi punido por corregedoria
Em CPI, policial foi acusado de tráfico de drogas, de ter ligações com o crime organizado e de dar proteção a um traficante
MARIO CESAR CARVALHO
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O investigador Régis Xavier
de Souza, apontado por integrantes da quadrilha de Juan
Carlos Ramírez Abadía como
um dos policiais que teria extorquido o megatraficante colombiano, foi indiciado pela
CPI do Narcotráfico em 2000
sob a acusação de tráfico de
drogas, de ligações com o crime
organizado e de dar proteção a
William Sozza.
Em dezembro daquele ano,
Sozza foi preso sob acusação de
liderar uma quadrilha de tráfico de drogas e de roubo de cargas que atuava em dez Estados.
Afastado pelo então governador Mário Covas em abril de
2000, logo após as primeiras
revelações da CPI , o investigador foi promovido depois. Saiu
de Campinas, onde trabalhava
à época, passou pelo Denarc (a
delegacia antinarcóticos) em
São Paulo, esteve em Osasco e
agora trabalha na 5ª Delegacia
Seccional da capital.
Um dos delegados investigados pela suposta extorsão de
US$ 800 mil (cerca de R$ 1,5
milhão) de Abadía, Pedro Pórrio, seguiu a mesma trajetória
de Souza: foi do Denarc, passou
por Osasco e agora está nessa
mesma delegacia seccional em
que Souza está lotado.
Foi como policial do Denarc
que Souza teria participado das
extorsões contra Abadía, segundo depoimento do empresário Daniel Maróstica, comparsa do colombiano que está preso sob acusação de ajudar o
traficante a lavar dinheiro no
Brasil.
Ficha corrida
O currículo de Souza é recheado de suspeitas de irregularidades. Segundo o relatório
da CPI do Narcotráfico, o investigador teria adquirido imóveis e carros em nome da namorada quando estava em Campinas. O policial é citado
no documento como o dono de
um automóvel Mercedes-Benz
que pertencera a Sozza.
Ele também era investigado
por ser dono de uma chácara
em Campinas na qual a polícia
encontrou mercadorias roubadas, ainda segundo o relatório.
Ao final das investigações,
em novembro de 2000, a CPI
do Narcotráfico pediu o indiciamento de Souza por tráfico
de drogas, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, roubo, receptação e comercialização de cargas roubadas.
Seis meses após a conclusão
da CPI, o investigador chegou a
ser preso junto com outros cinco policiais de Campinas, acusado de tortura e de peculato
(apropriação de bens públicos)
-depois teve a prisão relaxada.
Apesar de todas essas acusações, o policial nunca foi punido pela Corregedoria da Polícia
Civil. Ontem, a reportagem solicitou detalhes das investigações da corregedoria sobre
Souza. A Secretaria da Segurança diz que só pode revelar
esses dados com autorização do
policial.
Extorsões
O investigador foi citado no
caso das supostas extorsões
contra Abadía por Daniel Maróstica. Souza teria participado
de um dos seqüestros de integrantes da quadrilha de Abadía,
segundo Maróstica.
Na última quarta-feira, Abadía contou a promotores do
Gaeco, grupo do Ministério Público que investiga o crime organizado, que policiais do Denarc seqüestraram três pessoas
ligadas a ele: o venezuelano
Henry Edval Lago, o Pacho, o
piloto de aviões André Luiz Telles Barcellos e a empresária
Ana Maria Stein.
O advogado de Pórrio, Daniel
Bialski, diz que seu cliente não
cometeu irregularidades. Ao
ser informado sobre o teor da
reportagem que a Folha preparava sobre Souza, Pórrio disse
que o investigador será transferido da 5ª Seccional. A Folha
não conseguiu localizar Souza.
Texto Anterior: Cantareira: Homem é preso acusado de ajudar a matar 2 irmãos Próximo Texto: Três cheques de Abadía podem apontar extorsão Índice
|