São Paulo, sábado, 06 de outubro de 2007

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Menino que ficou na floresta levou 100 picadas de insetos

Uma dermatite é o principal problema de saúde de Neilson, 3, que está internado

Garoto, que ficou 12 dias na selva amazônica, não corre risco de morte, mas tem febre, pneumonia, infecção urinária e desidratação

Antonio Batista - 2.out.2007/"Em Tempo"
O garoto Neilson Lima, 3, que ficou 12 dias na selva amazônica


KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O menino de três anos que passou 12 dias perdido na floresta amazônica ainda sofre as conseqüências do período na mata. Continua internado em Carauari (780 km de Manaus), sem previsão de alta, com febre, pneumonia, infecção urinária, desidratação e desnutrição.
Mas Neilson Oliveira de Lima não corre risco de morrer. Seu principal problema de saúde é dermatite (inflamação na pele), causada por mais de cem picadas de insetos e arranhões de espinhos de plantas.
O médico Jorge Nascimento, que cuida do menino, disse que ele responde bem ao tratamento. Após cinco dias de internação, começou a sorrir, a andar e a se alimentar de dieta a base de feijão, legumes e carne -só estava ingerindo líquidos.
"A pneumonia e a infecção urinária estão controladas, mas a pele dele está muito irritada. Ele foi mordido até por formiga jiquitaia [ou lava-pé, cuja picada causa bolhas e alergias]."
O menino sumiu por volta das 14h do dia 15, após o pai sair para trabalhar na roça, em uma comunidade a dez horas de barco da sede de Carauari.
Cerca de 80 moradores da comunidade ajudaram nas buscas, sem sucesso. O menino foi localizado no dia 27, por um caçador que disse tê-lo encontrado sentado em uma árvore, cantando. A mãe dele, Evanise Oliveira, 31, disse acreditar que o filho tenha se alimentado de frutas colhidas no chão.

Psicóloga
Neilson está sendo acompanhado no hospital pela psicóloga Núbia Vasconcelos, 30. Ela disse que o menino apresentava um quadro de trauma, com choro e estresse. Também não admitia ficar longe da mãe.
Seu quadro psicológico melhorou, segundo Vasconcelos, mas a orientação dela é que os pais não conversem por enquanto com o garoto sobre o período na floresta -isso pode agravar o estresse do garoto.
Vasconcelos atribuiu a sobrevivência do garoto -de três anos e dez meses, segundo os pais- à sua experiência de vida. "A situação de uma criança que mora em uma comunidade na floresta é diferente de uma criança da cidade. Ele tem outra resistência, come frutas do chão, não tem medo de bichos, anda descalço, pega chuva."
No hospital, Neilson recebe mais de 50 visitas de moradores de Carauari por dia. Ele já ganhou bolas, carrinhos e roupas. Todos querem saber como o garoto sobreviveu na floresta.


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