|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Rombo supera ganho com leilões
da malha da Rede
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O valor do rombo ferroviário -passivo trabalhista
de R$ 6 bilhões da RFFSA-
é superior ao que o governo
FHC recebeu no leilão da
malha da Rede. O valor é
maior até mesmo se somado
a todos os investimentos feitos pelas concessionárias de
1996 ao final de 2001.
Os leilões de arrendamento da malha arrecadaram
R$ 1,76 bilhão. As sete concessionárias vencedoras investiram, até 2001, R$ 1,47
bilhão. O total, R$ 3,23 bilhões, é pouco maior do que
a metade do rombo.
Pelos números, o governo
deverá gastar mais na liquidação da RFFSA do que gastaria se tivesse investido no
setor. O que o governo ganhou na privatização paga
apenas 29,3% da dívida que
poderá ficar com o Tesouro.
A privatização do setor ferroviário -o aluguel da malha da RFFSA para sete grupos privados- fracassou do
ponto de vista empresarial.
De acordo com dados da
ANTT (Agência Nacional de
Transportes Terrestres), seis
das sete concessionárias tiveram prejuízo em 2001.
Somados os resultados negativos, chega-se a um prejuízo total de R$ 441 milhões
só em 2001. Em todos os outros anos, o resultado foi negativo para a maioria das
empresas. A única concessionária que deu lucro em
2001 foi a ALL (América Latina Logística), que opera no
Paraná, em Santa Catarina e
no Rio Grande do Sul.
Na prática, com a privatização o governo conseguiu
se livrar de prejuízos e dos
investimentos que teriam de
ser feitos no setor, além de
receber por mês o valor referente ao aluguel da malha
-R$ 196 milhões em 2001.
Mas com o fim da RFFSA
não há possibilidade de o governo reassumir a malha ferroviária, que também não é
atrativa para o setor privado.
Dessa forma, a única solução
para tentar tornar as concessões ferroviárias viáveis é capitalizá-las com recursos públicos, via BNDES.
Desde 1997, o banco já emprestou cerca de R$ 496 milhões para as concessionárias que operam a malha da
Rede. Segundo o banco, o dinheiro só pode ser usado em
investimentos, e não para
pagar dívidas com credores
ou para cobrir resultados negativos. O banco não informa se alguma concessionária está inadimplente.
(HM)
Texto Anterior: Esqueletos: Lula herda duas empresas "mortas vivas" Próximo Texto: Liquidação ameaça agência reguladora Índice
|