São Paulo, domingo, 05 de janeiro de 2003

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Rombo supera ganho com leilões da malha da Rede

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O valor do rombo ferroviário -passivo trabalhista de R$ 6 bilhões da RFFSA- é superior ao que o governo FHC recebeu no leilão da malha da Rede. O valor é maior até mesmo se somado a todos os investimentos feitos pelas concessionárias de 1996 ao final de 2001.
Os leilões de arrendamento da malha arrecadaram R$ 1,76 bilhão. As sete concessionárias vencedoras investiram, até 2001, R$ 1,47 bilhão. O total, R$ 3,23 bilhões, é pouco maior do que a metade do rombo.
Pelos números, o governo deverá gastar mais na liquidação da RFFSA do que gastaria se tivesse investido no setor. O que o governo ganhou na privatização paga apenas 29,3% da dívida que poderá ficar com o Tesouro.
A privatização do setor ferroviário -o aluguel da malha da RFFSA para sete grupos privados- fracassou do ponto de vista empresarial. De acordo com dados da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), seis das sete concessionárias tiveram prejuízo em 2001.
Somados os resultados negativos, chega-se a um prejuízo total de R$ 441 milhões só em 2001. Em todos os outros anos, o resultado foi negativo para a maioria das empresas. A única concessionária que deu lucro em 2001 foi a ALL (América Latina Logística), que opera no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
Na prática, com a privatização o governo conseguiu se livrar de prejuízos e dos investimentos que teriam de ser feitos no setor, além de receber por mês o valor referente ao aluguel da malha -R$ 196 milhões em 2001.
Mas com o fim da RFFSA não há possibilidade de o governo reassumir a malha ferroviária, que também não é atrativa para o setor privado. Dessa forma, a única solução para tentar tornar as concessões ferroviárias viáveis é capitalizá-las com recursos públicos, via BNDES.
Desde 1997, o banco já emprestou cerca de R$ 496 milhões para as concessionárias que operam a malha da Rede. Segundo o banco, o dinheiro só pode ser usado em investimentos, e não para pagar dívidas com credores ou para cobrir resultados negativos. O banco não informa se alguma concessionária está inadimplente. (HM)


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