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Analistas temem "japanização"
DA REPORTAGEM LOCAL
A possível existência de uma
bolha no mercado imobiliário dos
EUA preocupa e divide cada vez
mais os analistas. O temor cresce
quando o comportamento recente da economia norte-americana
é comparado ao da japonesa.
O Japão, após um período de
crescimento vigoroso, desenvolveu três bolhas na década de 80
-sobrevalorização do preço das
ações, da moeda local, o iene, e,
por fim, do mercado imobiliário.
Como resultado, a economia entrou em um processo de estagnação que já dura mais de dez anos.
A bolha no mercado acionário
americano já estourou, o dólar
vem perdendo valor. O mercado
imobiliário local preocupa.
O tema provoca debates entre
analistas na imprensa americana.
A cada dia, há argumentos que
confirmam ou descartam a bolha.
Aqueles que acreditam na existência da bolha dizem que o descompasso inexplicado entre os
preços de compra e venda de imóveis é um argumento definitivo.
Os que defendem que não há
sobrevalorização dos preços se
agarram nas baixas taxas de juros
no país, que facilitariam a aquisição dos imóveis. Esses juros baixos teriam, inclusive, gerado o poder de compra adicional aos norte-americanos -não uma poder
de compra adicional irreal. Houve
um número recorde de hipotecas
renegociadas no país em 2001.
As pessoas trocam financiamentos antigos por novos, a taxa
menores. O dinheiro embolsado
com a renegociação estaria mantendo o nível de consumo do país.
O presidente do Fed, o BC dos
EUA, Alan Greenspan, já afirmou
não acreditar na existência da bolha imobiliária. Os críticos lembram que, antes de alertar para a
exuberância irracional nas Bolsas,
americanas, Greenspan havia
descartado a sobrevalorização.
O Livro Bege do Fed tocou no
assunto em setembro do ano passado, ao afirmar que a divisão de
Chicago havia registrado uma redução na concessão de empréstimos para a compra de imóveis
por parte de bancos locais. As negativas eram baseadas na sobrevalorização dos preços.
No mês passado, o relatório
apontou comportamento parecido, desta vez, na Filadélfia.
Um outro argumento que pode
colocar em xeque a existência da
bolha é o fato de que, em algumas
regiões do país houve, até mesmo,
queda dos preços dos imóveis. O
argumento é rebatido pelo fato de
a Califórnia, um dos mais ricos
Estados do país, concentrar as
maiores altas dos preços.
A distorção dos preços levou o
Center for Economic and Policy
Research a calcular que o fim da
bolha implicaria queda entre 11%
e 22% na média do preço das casas -ou destruição de entre US$
1,3 trilhão e US$ 2,6 trilhões da riqueza dos proprietários.
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