São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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RECEITA ORTODOXA

Economistas estimam que, se condições macroeconômicas se mantiverem, taxa encerrará semestre em 16%

Analistas esperam novo corte de 0,75 ponto

DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão do Copom ficou dentro da expectativa predominante dos analistas financeiros. Se não houver grandes surpresas nos próximos dados de inflação, de atividade econômica e no câmbio, a expectativa é a de que a taxa caia outro 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom, avaliam analistas.
Apesar de uma parcela menor afirmar que via motivos para que a taxa básica fosse reduzida em apenas 0,50 ponto percentual, a maioria esperava que o mais provável era que a taxa caísse na magnitude que decidiu o Copom, de 18% para 17,25%.
O Copom (Comitê de Política Monetária, formado por diretores e o presidente do BC) só voltará a se reunir no começo de março.
Alexandre Lintz, estrategista-chefe do banco BNP Paribas, diz que o desempenho do câmbio nos próximos meses será importante para o Copom definir o ritmo dos próximos cortes.
"Se o câmbio se mantiver nos atuais patamares, as reduções na Selic devem se concentrar mais no primeiro semestre. Nesse cenário, a Selic deve encerrar a primeira metade do ano em 16% e terminar 2006 em torno dos 15,5%", afirma Lintz.
No fechamento do pregão da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) de ontem, os contratos DI -que mostram as projeções futuras para os juros- mostravam a expectativa de que deve haver novo corte de 0,75 ponto percentual em março.
Para Alex Agostini, economista da consultoria Austin Rating, "o BC está preocupado em manter a inflação sob controle". "Por isso, é fundamental que as expectativas futuras de inflação se mantenham em linha com a meta do governo." Agostini projeta que haverá mais um corte de 0,75 ponto percentual na reunião do Copom de março. Para o fim do ano, o economista afirma que a taxa básica deve estar em torno dos 15,5%.

Nš 1 em juros reais
Apesar da queda de ontem, o Brasil é de longe o país com as maiores taxas reais do mundo. Os juros reais -calculados considerando a nova Selic e descontando a inflação projetada para os próximos 12 meses- passaram a ser de 12,1%.
Logo atrás, ficam as taxas praticadas em Cingapura (6,4%) e na Turquia (5,7%).
O levantamento foi realizado pela consultoria GRC Visão.
A taxa real média dos 40 países que fazem parte do estudo ficou em 1,5%.
Para o Brasil perder a liderança, a taxa básica Selic tinha de ter sido cortada em sete pontos percentuais.
Na segunda-feira, o Banco Central divulgou sua pesquisa semanal, na qual constava a previsão mediana das instituições financeiras ouvidas, de que a taxa Selic seria reduzida em 0,75 ponto percentual.


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