São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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Copom perde mais uma oportunidade, diz Fiesp

DA REPORTAGEM LOCAL

Na primeira reunião do ano, o Copom decidiu cortar em 0,75 ponto a taxa básica de juros, para descontentamento do setor industrial. Segundo o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, o BC perdeu uma chance de estimular o crescimento econômico neste ano. "No segundo semestre do ano passado, o desempenho da economia foi pífio, e estão pondo em risco o de 2006", avaliou. Para ele, a autoridade monetária deveria ter uma "obsessão pelo crescimento".
O Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) também argumentou que, para que a economia tivesse uma reação mais acelerada, precisaria ter havido de uma redução de pelo menos um ponto. "Esperamos que a partir de agora o ritmo de redução da taxa de juros se acelere, para que não venhamos a repetir 2005, ano que terminou de forma melancólica", disse Boris Tabacof, diretor do departamento de economia.
Na avaliação do segmento industrial, o BC deveria ter sido mais sensível ao fraco ritmo da produção industrial no final do ano passado. Para eles, com o corte "cauteloso" de ontem, a indústria corre o risco de repetir o desempenho "anêmico" nos primeiros meses de 2006.
Segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), a decisão do Copom mostra um descompasso com a realidade econômica. "A taxa de 17,25% ao ano é ainda elevada e corresponde a juros reais de cerca de 12% ao ano, considerando-se as expectativas correntes da inflação para os próximos 12 meses", disse ontem a entidade em comunicado.
O BC preferiu o conservadorismo, na avaliação da Fecomercio SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo). Para a entidade, o Copom fez "o mínimo necessário". "Se a trajetória de queda da Selic não for mantida, o país correrá o risco de registrar um crescimento raquítico em 2006, a exemplo do que aconteceu no ano passado", afirma Abram Szajman, presidente da federação.
No setor sindical, o BC foi mais uma vez alvo de críticas. "O governo precisa urgentemente mudar essa mesmice conformista [...] Esse excesso de gradualismo [...] tem se transformado numa tragédia para os trabalhadores, com a queda na renda e a falta de abertura de postos de trabalho", afirmou em nota o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva.

Corte "bem-vindo"
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) foi mais amena na avaliação. Para a entidade, a queda dos juros para 17,25% ao ano é "bem-vinda, pois mantém o declínio iniciado em setembro de 2005". "A redução da taxa certamente minimiza parte dos obstáculos à geração de mais empregos e melhores salários, como há tempos vem defendendo a CUT, abrindo espaço para um crescimento sustentado", diz nota.
A CUT ressalta, porém, que os juros brasileiros continuam os mais altos do mundo. "Os indicadores econômicos do país demonstram que há espaço para uma redução bem mais acentuada, absolutamente necessária."


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