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Copom perde mais uma oportunidade, diz Fiesp
DA REPORTAGEM LOCAL
Na primeira reunião do ano, o
Copom decidiu cortar em 0,75
ponto a taxa básica de juros, para
descontentamento do setor industrial. Segundo o presidente da
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo), Paulo
Skaf, o BC perdeu uma chance de
estimular o crescimento econômico neste ano. "No segundo semestre do ano passado, o desempenho da economia foi pífio, e estão pondo em risco o de 2006",
avaliou. Para ele, a autoridade
monetária deveria ter uma "obsessão pelo crescimento".
O Ciesp (Centro das Indústrias
do Estado de São Paulo) também
argumentou que, para que a economia tivesse uma reação mais
acelerada, precisaria ter havido de
uma redução de pelo menos um
ponto. "Esperamos que a partir
de agora o ritmo de redução da taxa de juros se acelere, para que
não venhamos a repetir 2005, ano
que terminou de forma melancólica", disse Boris Tabacof, diretor
do departamento de economia.
Na avaliação do segmento industrial, o BC deveria ter sido
mais sensível ao fraco ritmo da
produção industrial no final do
ano passado. Para eles, com o corte "cauteloso" de ontem, a indústria corre o risco de repetir o desempenho "anêmico" nos primeiros meses de 2006.
Segundo a CNI (Confederação
Nacional da Indústria), a decisão
do Copom mostra um descompasso com a realidade econômica.
"A taxa de 17,25% ao ano é ainda
elevada e corresponde a juros
reais de cerca de 12% ao ano, considerando-se as expectativas correntes da inflação para os próximos 12 meses", disse ontem a entidade em comunicado.
O BC preferiu o conservadorismo, na avaliação da Fecomercio
SP (Federação do Comércio do
Estado de São Paulo). Para a entidade, o Copom fez "o mínimo necessário". "Se a trajetória de queda da Selic não for mantida, o país
correrá o risco de registrar um
crescimento raquítico em 2006, a
exemplo do que aconteceu no ano
passado", afirma Abram Szajman, presidente da federação.
No setor sindical, o BC foi mais
uma vez alvo de críticas. "O governo precisa urgentemente mudar essa mesmice conformista [...]
Esse excesso de gradualismo [...]
tem se transformado numa tragédia para os trabalhadores, com a
queda na renda e a falta de abertura de postos de trabalho", afirmou
em nota o presidente da Força
Sindical, Paulo Pereira da Silva.
Corte "bem-vindo"
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) foi mais amena na
avaliação. Para a entidade, a queda dos juros para 17,25% ao ano é
"bem-vinda, pois mantém o declínio iniciado em setembro de
2005". "A redução da taxa certamente minimiza parte dos obstáculos à geração de mais empregos
e melhores salários, como há tempos vem defendendo a CUT,
abrindo espaço para um crescimento sustentado", diz nota.
A CUT ressalta, porém, que os
juros brasileiros continuam os
mais altos do mundo. "Os indicadores econômicos do país demonstram que há espaço para
uma redução bem mais acentuada, absolutamente necessária."
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