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TRABALHO
País gera 1,254 milhão de vagas em 2005, 269 mil a menos que em 2004
Criação de emprego formal cai 18%, e governo culpa juro
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de despontar como o segundo melhor resultado dos últimos 13 anos, 2005 gerou 17,7%
menos empregos formais que o
ano anterior. O saldo de postos de
trabalho com registro em carteira
atingiu 1,254 milhão -269 mil
vagas abaixo do total verificado
em 2004. O Ministério do Trabalho atribuiu a desaceleração à política de juros altos do governo.
"Foi a nossa querida e estimada
Selic. Esse é o principal motivo
para esperarmos que 2006 seja
melhor que 2005", disse o ministro do Trabalho, Luiz Marinho,
referindo-se à taxa básica dos juros. Além disso, o ex-presidente
da CUT citou a valorização do real
e o "ano difícil" no setor agropecuário -queda no preço das
commodities, febre aftosa, seca
no Sul- como fatores que colaboraram para o resultado de 2005.
Os dados divulgados ontem fazem parte do Caged (Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados), levantamento elaborado mensalmente pelo Ministério
do Trabalho desde 1992. O cadastro inclui todos os trabalhadores
formais, exceto funcionários públicos e empregados domésticos.
O ano de 2004 é considerado o
campeão de geração de empregos
na série histórica do Caged.
A agropecuária e a indústria de
transformação foram os setores
que apresentaram os piores resultados em 2005. Houve perda de
12,9 mil postos na agricultura e na
pecuária. Em 2004, o saldo foi positivo em 79,3 mil vagas. Já a indústria, embora tenha gerado
177,5 mil postos, ficou longe do
desempenho de 2004, quando foram criados 504,6 mil empregos.
Os setores que mais se destacaram foram os de serviços, comércio e construção civil. Nos serviços, foram criados 569,7 mil postos de trabalho formais, o melhor
resultado do Caged. O mesmo
aconteceu com a construção civil,
com 85 mil postos. No comércio,
as 389,8 mil vagas criadas só perdem para 2004, com 403,9 mil.
Em dezembro, o mercado de
trabalho formal perdeu 286,7 mil
postos. Tradicionalmente, esse é
um mês em que as demissões superam as admissões por causa da
entressafra na agricultura, da redução na demanda industrial e do
término do ciclo escolar. Em dezembro de 2003 e de 2004, o estrago havia sido maior -quedas de
299,9 mil e 352 mil.
Lula x FHC
No governo Lula, já foram gerados 3,422 milhões de empregos
formais. As estimativas do Ministério do Trabalho apontam para a
criação de mais 1,5 milhão de vagas formais neste ano, o que elevaria para quase 5 milhões o total
de postos criados com carteira assinada. Segundo Marinho, o número de empregos formais e informais atingiria, então, 8 milhões
de vagas nos quatro anos de Lula.
Na campanha eleitoral de 2002,
o candidato petista afirmou, porém, que geraria 10 milhões de
empregos. "Vocês não vão achar
nenhuma frase no programa de
governo que tenha essa promessa.
O que está no programa é que o
Brasil precisava gerar 10 milhões
de empregos", disse Marinho.
A criação de postos formais será
um dos indicadores que o governo Lula usará nas eleições deste
ano ao comparar a gestão petista
com a dos tucanos. O material
distribuído pelo Ministério do
Trabalho sobre o Caged destaca
em várias páginas saldos de geração de emprego por mandatos
presidenciais.
Entre 1995 e 1998 -primeiro
mandato do presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB)-, o
mercado de trabalho perdeu 1,018
milhão de postos de trabalho formais. No segundo mandato de
FHC, a geração de emprego atingiu 1,815 milhão.
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