São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRABALHO

País gera 1,254 milhão de vagas em 2005, 269 mil a menos que em 2004

Criação de emprego formal cai 18%, e governo culpa juro

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de despontar como o segundo melhor resultado dos últimos 13 anos, 2005 gerou 17,7% menos empregos formais que o ano anterior. O saldo de postos de trabalho com registro em carteira atingiu 1,254 milhão -269 mil vagas abaixo do total verificado em 2004. O Ministério do Trabalho atribuiu a desaceleração à política de juros altos do governo.
"Foi a nossa querida e estimada Selic. Esse é o principal motivo para esperarmos que 2006 seja melhor que 2005", disse o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, referindo-se à taxa básica dos juros. Além disso, o ex-presidente da CUT citou a valorização do real e o "ano difícil" no setor agropecuário -queda no preço das commodities, febre aftosa, seca no Sul- como fatores que colaboraram para o resultado de 2005.
Os dados divulgados ontem fazem parte do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), levantamento elaborado mensalmente pelo Ministério do Trabalho desde 1992. O cadastro inclui todos os trabalhadores formais, exceto funcionários públicos e empregados domésticos. O ano de 2004 é considerado o campeão de geração de empregos na série histórica do Caged.
A agropecuária e a indústria de transformação foram os setores que apresentaram os piores resultados em 2005. Houve perda de 12,9 mil postos na agricultura e na pecuária. Em 2004, o saldo foi positivo em 79,3 mil vagas. Já a indústria, embora tenha gerado 177,5 mil postos, ficou longe do desempenho de 2004, quando foram criados 504,6 mil empregos.
Os setores que mais se destacaram foram os de serviços, comércio e construção civil. Nos serviços, foram criados 569,7 mil postos de trabalho formais, o melhor resultado do Caged. O mesmo aconteceu com a construção civil, com 85 mil postos. No comércio, as 389,8 mil vagas criadas só perdem para 2004, com 403,9 mil.
Em dezembro, o mercado de trabalho formal perdeu 286,7 mil postos. Tradicionalmente, esse é um mês em que as demissões superam as admissões por causa da entressafra na agricultura, da redução na demanda industrial e do término do ciclo escolar. Em dezembro de 2003 e de 2004, o estrago havia sido maior -quedas de 299,9 mil e 352 mil.

Lula x FHC
No governo Lula, já foram gerados 3,422 milhões de empregos formais. As estimativas do Ministério do Trabalho apontam para a criação de mais 1,5 milhão de vagas formais neste ano, o que elevaria para quase 5 milhões o total de postos criados com carteira assinada. Segundo Marinho, o número de empregos formais e informais atingiria, então, 8 milhões de vagas nos quatro anos de Lula.
Na campanha eleitoral de 2002, o candidato petista afirmou, porém, que geraria 10 milhões de empregos. "Vocês não vão achar nenhuma frase no programa de governo que tenha essa promessa. O que está no programa é que o Brasil precisava gerar 10 milhões de empregos", disse Marinho.
A criação de postos formais será um dos indicadores que o governo Lula usará nas eleições deste ano ao comparar a gestão petista com a dos tucanos. O material distribuído pelo Ministério do Trabalho sobre o Caged destaca em várias páginas saldos de geração de emprego por mandatos presidenciais.
Entre 1995 e 1998 -primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB)-, o mercado de trabalho perdeu 1,018 milhão de postos de trabalho formais. No segundo mandato de FHC, a geração de emprego atingiu 1,815 milhão.


Texto Anterior: Luís Nassif: A troca de guarda no cinema
Próximo Texto: Novo salário mínimo deve sair hoje
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.