São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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BASTIDORES

Lula abraça Okamoto

LUÍS NASSIF
COLUNISTA DA FOLHA

O banquete oferecido pelo Itamaraty ao presidente argentino, Néstor Kirchner, foi bom para o estômago, pela fartura de comida, bom para os ouvidos, pela ausência de discursos, rico para contatos e pobre em notícias.
Lula chegou depois das 14h, abraçou o presidente do Sebrae, Paulo Okamoto -ameaçado de indiciamento pela CPI dos Correios por ter assumido para si o acerto de contas de Lula com o PT-, e rumou direto para a mesa principal, acompanhado de Kirchner. Já os aguardavam os ex-presidentes José Sarney e Itamar Franco e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, entre outros. Às 15h, o almoço já tinha praticamente acabado.
O salão do banquete foi dividido em dois grupos de mesa, com os nomes das capitais dos Estados brasileiros e Províncias argentinas. Havia uma platéia eclética, composta por ministros, diplomatas, parlamentares, intelectuais, sindicalistas e empresários.
As negociações com a Argentina não foram o tema principal nas conversas que antecederam o almoço, embora alguns empresários demonstrassem ansiedade pelo acordo do gás, que poderá ser importante fator de integração continental.
O prato do dia eram mesmo as próximas eleições. Em uma roda, parlamentares de Minas comentavam a saia justa em que se meteu o governador Aécio Neves, sendo pressionado por Itamar a sair candidato a presidente e apoiá-lo para governador.
O anfitrião, o chanceler Celso Amorim, não pôde comparecer porque seu pai faleceu justamente ontem, com 101 anos. No dia anterior, o ministro chegou a ir ao Rio, visitar o pai na UTI, retornou a Brasília, mas acabou sendo informado do seu falecimento. Seu papel foi ocupado pelo diplomata Samuel Pinheiro Guimarães, um dos grandes defensores da integração continental.
O almoço durou menos de uma hora e foi elogiado por jornalistas mais ambientados com o Itamaraty. Julgaram de nível melhor do que o churrasco oferecido a uma comitiva tailandesa -apesar dos orientais terem se esbaldado com a quantidade da carne servida.
Às 15h os primeiros convidados já se retiravam, enquanto se discutia se Kirchner visitaria ou não o Supremo Tribunal Federal. Em 1952, quase eclodiu uma crise entre os Poderes depois que o secretário de Estado dos EUA, Dean Acheson, visitou o presidente Getúlio Vargas e não passou pelo STF. Kirchner foi ao tribunal.


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