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BASTIDORES
Lula abraça Okamoto
LUÍS NASSIF
COLUNISTA DA FOLHA
O banquete oferecido pelo Itamaraty ao presidente argentino,
Néstor Kirchner, foi bom para o
estômago, pela fartura de comida,
bom para os ouvidos, pela ausência de discursos, rico para contatos e pobre em notícias.
Lula chegou depois das 14h,
abraçou o presidente do Sebrae,
Paulo Okamoto -ameaçado de
indiciamento pela CPI dos Correios por ter assumido para si o
acerto de contas de Lula com o
PT-, e rumou direto para a mesa
principal, acompanhado de
Kirchner. Já os aguardavam os ex-presidentes José Sarney e Itamar
Franco e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, entre outros. Às 15h, o almoço já tinha praticamente acabado.
O salão do banquete foi dividido em dois grupos de mesa, com
os nomes das capitais dos Estados
brasileiros e Províncias argentinas. Havia uma platéia eclética,
composta por ministros, diplomatas, parlamentares, intelectuais, sindicalistas e empresários.
As negociações com a Argentina não foram o tema principal nas
conversas que antecederam o almoço, embora alguns empresários demonstrassem ansiedade
pelo acordo do gás, que poderá
ser importante fator de integração
continental.
O prato do dia eram mesmo as
próximas eleições. Em uma roda,
parlamentares de Minas comentavam a saia justa em que se meteu o governador Aécio Neves,
sendo pressionado por Itamar a
sair candidato a presidente e
apoiá-lo para governador.
O anfitrião, o chanceler Celso
Amorim, não pôde comparecer
porque seu pai faleceu justamente
ontem, com 101 anos. No dia anterior, o ministro chegou a ir ao Rio,
visitar o pai na UTI, retornou a
Brasília, mas acabou sendo informado do seu falecimento. Seu papel foi ocupado pelo diplomata
Samuel Pinheiro Guimarães, um
dos grandes defensores da integração continental.
O almoço durou menos de uma
hora e foi elogiado por jornalistas
mais ambientados com o Itamaraty. Julgaram de nível melhor do
que o churrasco oferecido a uma
comitiva tailandesa -apesar dos
orientais terem se esbaldado com
a quantidade da carne servida.
Às 15h os primeiros convidados
já se retiravam, enquanto se discutia se Kirchner visitaria ou não
o Supremo Tribunal Federal. Em
1952, quase eclodiu uma crise entre os Poderes depois que o secretário de Estado dos EUA, Dean
Acheson, visitou o presidente Getúlio Vargas e não passou pelo
STF. Kirchner foi ao tribunal.
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