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Alta da taxa custou R$ 11 bi, diz Levy
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O processo de alta dos juros
promovido pelo Banco Central
entre setembro de 2004 e o mês
passado terá, neste ano, um impacto de R$ 10,8 bilhões na dívida
pública. A estimativa foi apresentada pelo secretário do Tesouro
Nacional, Joaquim Levy, que ontem participou de audiência pública no Congresso Nacional.
Em 2004, argumentando ser necessário conter o avanço da inflação, o Banco Central deu início ao
aperto monetário: a Selic, que em
setembro do ano passado estava
em 16% anuais, chegou a 19,75%
em maio e só começou a cair no
mês passado, quando foi fixada
em 19,5%.
Hoje, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) se reúne
para decidir se promove um novo
corte na taxa. A estimativa apresentada por Levy se refere ao efeito que a elevação dos juros tem
sobre a dívida do governo, já que
aproximadamente metade dos
compromissos do setor público
(União, Estados, municípios e estatais) é corrigida pela Selic.
O secretário evitou, porém, culpar o BC pelo aumento da dívida e
preferiu dizer que o resultado negativo era conseqüência da alta
dos preços.
"Esse é o impacto do fato de a
inflação estar acima das metas",
afirmou. Entre janeiro e agosto
deste ano, a dívida pública cresceu R$ 16,7 bilhões e chegou a R$
973,7 bilhões. Já os gastos com juros, no mesmo período, somaram
R$ 105,7 bilhões -26% a mais do
que nos primeiros oito meses do
ano passado.
Aperto fiscal
Levy esteve ontem no Congresso para apresentar os resultados
fiscais do governo no segundo
quadrimestre, uma exigência da
Lei de Responsabilidade Fiscal.
Durante a audiência, o secretário
do Tesouro disse ser possível que
a economia do governo para o pagamento de juros fique acima da
meta fixada para este ano.
Oficialmente, o objetivo do governo é fazer o setor público conseguir, em 2005, um superávit primário equivalente a 4,25% do PIB
(Produto Interno Bruto). Uma arrecadação maior de Imposto de
Renda e um resultado acima do
esperado das companhias estatais
podem fazer, de acordo com
Levy, com que esse objetivo seja
superado.
Ele afirmou ontem que, inicialmente, a expectativa do governo
era arrecadar, neste ano, R$ 100
bilhões em Imposto de Renda
-tanto de pessoas físicas quanto
de empresas. Diante dos dados já
registrados, essa estimativa subiu
para R$ 110 bilhões. De acordo
com Levy, esse aumento inesperado está concentrado no IR das
pessoas jurídicas, que estariam
pagando mais imposto devido
aos maiores lucros apurados recentemente.
Nem todo o dinheiro obtido
com a cobrança de IR, porém, fica
com o Tesouro, pois a Constituição prevê que parte seja repassada
a Estados e municípios. Por isso,
disse Levy, não é possível calcular,
com precisão, o impacto que a
maior arrecadação terá sobre o
superávit primário.
Estatais
Em relação às empresas estatais
federais, a previsão original era
que elas contribuíssem com R$
12,7 bilhões para o esforço fiscal
do setor público. Devido ao atraso
em alguns projetos de investimento, esse valor deve ser ultrapassado em R$ 1 bilhão, de acordo
com Levy.
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