São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 2005

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ENERGIA

Segundo dia de rodada de licitações da ANP tem arrecadação de R$ 1 bi

Bacia de Santos se destaca em leilão

PEDRO SOARES
LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO

No segundo dia da 7ª Rodada de Licitações da ANP (Agência Nacional do Petróleo), a bacia de Santos foi a que mais atraiu o interesse das empresas. Os altos valores pagos pelo direito de exploração dos blocos fizeram com que esta rodada batesse o recorde de arrecadação, com R$ 1,085 bilhão -quase o dobro da última rodada (R$ 665 milhões).
Este valor é referente às áreas que oferecem risco exploratório, ou seja, onde só há indícios da existência de petróleo ou gás natural. Hoje e amanhã, a ANP ainda realiza o leilão de áreas com acumulações marginais, onde já se produziu petróleo e a Petrobras já não tem interesse econômico.
A bacia de Santos teve R$ 504 milhões arrecadados ontem. A arrecadação total foi de R$ 669 milhões. Nos dois dias do leilão, foram oferecidos 1.134 blocos e 251 (22%) foram concedidos.
A Petrobras levou, sozinha ou em parceria com outras empresas, 96 blocos (38% do total concedido) e desembolsará cerca de R$ 700 milhões (63% dos bônus). Em Santos, a empresa arrematou ontem dois blocos próximos do campo de Mexilhão, uma megadescoberta de gás. Pagou, em consórcio com a britânica BG, R$ 160,18 milhões pelo bloco BS-M-508, com ágio de 968% sobre o preço mínimo. Foi o maior lance de toda a rodada.
Por uma área contínua ao campo de Cedro com potencial de gás e as mesmas características de Mexilhão, o bloco SM-405, a estatal desembolsou R$ 53,4 milhões.
Segundo o gerente-executivo de Exploração e Produção da Petrobras, Francisco Nepomuceno, o objetivo foi buscar áreas complementares às que já estão em exploração. No total, a Petrobras ficou com seis blocos em Santos. Também teve destaque na bacia a participação da Repsol, que, sozinha ou em consórcios, ficou com nove blocos. Foi a única grande petrolífera internacional com uma estratégia agressiva no leilão.
As gigantes mundiais Shell (que arrematou só um bloco sozinha), BG e Devon preferiram atuar em parcerias com a Petrobras.
A parte marítima da bacia do Espírito Santo, onde a Petrobras já possui descobertas tanto de óleo leve como de óleo pesado, também despertou interesse. Nesse setor, a Petrobras levou quatro áreas, sendo três em consórcio com a Shell. A estatal será a operadora dessas áreas.
O maior lance ficou com o bloco ES-M-437, pelo qual a estatal e a Shell ofereceram R$ 45,3 milhões. Ao todo, nessa bacia, foram arrecadados R$ 72,6 milhões.
Outras grandes ofertas foram dadas pela Sergipe-Alagoas. Nesse setor, foram arrematados 43 dos 137 blocos leiloados. O total em bônus somou R$ 37 milhões. A Petrobras arrematou 13 blocos, mas empresas de menor porte também se interessaram.
As petrolíferas internacionais Devon (EUA) e Eni (Itália) conseguiram arrematar dois blocos na bacia de Camamu-Almada (BA), onde há exploração de gás. Pagaram R$ 4,5 milhões e R$ 22,4 milhões, respectivamente.
Na bacia do Solimões, onde há potencial para exploração de gás, a empresa Argentina Oil M&S arrematou 21 blocos. A Petrobras, que ficou com as quatro áreas restantes e pagou 85% dos bônus, que somaram R$ 3,5 milhões.
A estratégia da estatal em áreas terrestres foi assegurar blocos nos quais já tem avaliação da existência de recursos energéticos ou em locais próximos onde já explora.
Lima, da ANP, avaliou que, nesta rodada, há maior dispersão do interesse de investidores, que procuraram não só áreas em águas profundas mas também novas fronteiras e blocos terrestres.
Lima reclamou que a falta de verbas impede a atividade. Em 2004, do R$ 1,9 bilhão arrecadado com participações especiais das áreas produtoras, 99% foram contingenciados pelo governo.
Quatro bacias não tiveram oferta: a parte de águas rasas de Campos, a parte marítima de Jequitinhonha, Barreirinhas (MA) e a Foz do Amazonas.


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