São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 2005

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CRISE NO AR

Vice-presidente diz que BNDES poderá injetar recursos para salvar empresa, desde que haja segurança "absoluta"

Com "garantia", Alencar aceita socorrer Varig


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente interino da República, José Alencar, admitiu ontem, após reunião de mais de cinco horas com credores da Varig, que o BNDES poderá injetar recursos para salvar a empresa, mas só se houver "garantias absolutas". Com base nas duas reuniões, Alencar levará hoje de manhã ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugestões para que o governo federal dê seu aval à operação.
A idéia que prevalece é resgatar o equivalente a US$ 100 milhões do Aerus, fundo de pensão da Varig, e capitalizar a NV Participações (cuja sigla significa "Nova Varig"), criada há dois anos. Essa empresa poderia comprar a VarigLog, injetando recursos na atual Varig e justificando assim a entrada do BNDES no negócio.
A NV Participações emitiria debêntures, e o BNDES compraria, tendo como garantia a VarigLog. Para o consultor dos aeronautas da Varig, economista Paulo Rebello de Castro, que discutiu ontem a questão com o banco oficial, o modelo para essa fórmula foi a solução do mesmo BNDES para a CSN (Cia. Siderúrgica Nacional).
A área econômica do governo oferece resistências à entrada de dinheiro público na operação, mas o vice, que ocupava ontem a Presidência em razão da viagem de Lula à Europa, disse que o governo pretende "colaborar com uma solução que salve a companhia, sem estatização". Por ser também o ministro da Defesa, Alencar coordena as discussões sobre a Varig.
Hoje haverá uma reunião no Rio de Janeiro para decidir por um plano de salvamento da empresa. Amanhã vence o prazo fixado pela Justiça norte-americana para que os credores e funcionários cheguem a uma solução.
A questão chegou aos EUA porque uma empresa responsável por 12 dos 84 aviões da Varig entrou na Justiça pedindo a retomada das aeronaves por causa das dívidas. Se não houver solução, uma decisão nos EUA pode determinar a retomada dos aviões.
Há basicamente três propostas na mesa: uma, dos atuais gestores, que querem o corte de 1.500 funcionários (13%) e venda de parte da Varig; uma, dos funcionários, com entrada de ao menos US$ 100 milhões do governo; e a da companhia Docas, do empresário Nelson Tanure ("Jornal do Brasil" e "Gazeta Mercantil"), que prevê investimento privado inicial de US$ 40 milhões, mais participação dos cofres estatais depois. (ELIANE CANTANHÊDE e PEDRO DIAS LEITE)

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