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CRISE NO AR
Vice-presidente diz que BNDES poderá injetar recursos para salvar empresa, desde que haja segurança "absoluta"
Com "garantia", Alencar aceita socorrer Varig
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente interino da República, José Alencar, admitiu ontem, após reunião de mais de cinco horas com credores da Varig,
que o BNDES poderá injetar recursos para salvar a empresa, mas
só se houver "garantias absolutas". Com base nas duas reuniões,
Alencar levará hoje de manhã ao
presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugestões para que o governo
federal dê seu aval à operação.
A idéia que prevalece é resgatar
o equivalente a US$ 100 milhões
do Aerus, fundo de pensão da Varig, e capitalizar a NV Participações (cuja sigla significa "Nova
Varig"), criada há dois anos. Essa
empresa poderia comprar a VarigLog, injetando recursos na atual
Varig e justificando assim a entrada do BNDES no negócio.
A NV Participações emitiria debêntures, e o BNDES compraria,
tendo como garantia a VarigLog.
Para o consultor dos aeronautas
da Varig, economista Paulo Rebello de Castro, que discutiu ontem
a questão com o banco oficial, o
modelo para essa fórmula foi a solução do mesmo BNDES para a
CSN (Cia. Siderúrgica Nacional).
A área econômica do governo
oferece resistências à entrada de
dinheiro público na operação,
mas o vice, que ocupava ontem a
Presidência em razão da viagem
de Lula à Europa, disse que o governo pretende "colaborar com
uma solução que salve a companhia, sem estatização". Por ser
também o ministro da Defesa,
Alencar coordena as discussões
sobre a Varig.
Hoje haverá uma reunião no
Rio de Janeiro para decidir por
um plano de salvamento da empresa. Amanhã vence o prazo fixado pela Justiça norte-americana para que os credores e funcionários cheguem a uma solução.
A questão chegou aos EUA porque uma empresa responsável
por 12 dos 84 aviões da Varig entrou na Justiça pedindo a retomada das aeronaves por causa das
dívidas. Se não houver solução,
uma decisão nos EUA pode determinar a retomada dos aviões.
Há basicamente três propostas
na mesa: uma, dos atuais gestores,
que querem o corte de 1.500 funcionários (13%) e venda de parte
da Varig; uma, dos funcionários,
com entrada de ao menos US$ 100
milhões do governo; e a da companhia Docas, do empresário
Nelson Tanure ("Jornal do Brasil"
e "Gazeta Mercantil"), que prevê
investimento privado inicial de
US$ 40 milhões, mais participação dos cofres estatais depois.
(ELIANE CANTANHÊDE e PEDRO DIAS LEITE)
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