São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 2005

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BNDES exige acordo para dar ajuda à empresa

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Guido Mantega, afirmou ontem, por telefone, da Itália, que o banco poderá vir a ajudar a Varig, mas desde que se chegue a um acordo com os credores.
"O BNDES não faz operações de socorro a empresas, mas se, por acaso, chegar uma proposta que consiga isolar a dívida "velha" do ativo da empresa, é possível o BNDES dar sua contribuição", diz ele.
Segundo Mantega, que participa na Itália da 2ª Conferência Nacional sobre a América Latina, no Palazzo Mezzanotte, em Milão, a proposta do BNDES ainda não está fechada, apesar de a Varig ter pressa para encontrar uma solução.
O que há, por enquanto, são estudos técnicos. Nem o valor da operação foi definido ainda. Como a Varig é uma empresa privada, e não uma estatal, "o BNDES pode, no máximo, dar sua contribuição", diz ele.
De acordo com Mantega, o BNDES foi acionado pelo Ministério da Defesa para estudar uma alternativa com o objetivo de estruturar a operação de salvamento da Varig. As propostas, no entanto, ainda estão sendo discutidas no departamento técnico do banco. A diretoria do BNDES não discutiu o assunto, o que significa que a proposta ainda está num estágio bastante embrionário.
Mantega disse que irá discutir a proposta no banco após voltar da Itália, no fim de semana. Até a aprovação, no entanto, ainda levará um tempo, já que a proposta precisa ser discutida no ministério e nos órgãos de regulação do setor.
Uma das idéias discutidas é o BNDES liberar cerca de R$ 100 milhões à Varig, que daria como garantia do empréstimo as subsidiárias VarigLog e VEM (Varig Engenharia de Manutenção), consideradas "pratas da casa". Ao mesmo tempo, o BNDES criaria uma SPE (Sociedade de Propósito Específico) que ficaria responsável pela gestão das duas empresas.
A proposta prevê também o afastamento dos atuais gestores da companhia aérea -entre eles, David Zylbersztajn, presidente do conselho de administração da empresa, e Omar Carneiro da Cunha, presidente operacional.
A Varig tem pressa para encontrar uma solução para seu problema. No dia 20, a Justiça americana decidirá se renova ou não a decisão que evita a retomada de mais de 20 aviões da empresa. Os aviões correm o risco de serem arrestados nos EUA, após o dia 20, o que compromete a operação da aérea.


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