São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 2005

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CONTAS VIGIADAS

Ex-banqueiro diz não sair de casa há um ano

Edemar acusa BC e concorrentes pela falência do Banco Santos

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Edemar Cid Ferreira, ex-dono do Banco Santos, que teve sua falência decretada no dia 20 de setembro, diz que "há um ano não sai de casa" empenhado em preparar sua defesa e municiar seus advogados. O resultado dessa concentração é um arrazoado de acusações ao Banco Central -que ele responsabiliza pela quebra de sua instituição- e aos grandes bancos, auto-elogios e algumas aparentes contradições.
O ex-banqueiro deixou sua casa ontem para prestar seu primeiro depoimento ao juiz Caio Marcelo Mendes de Oliveira, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, no centro de São Paulo.
Na versão de Cid Ferreira, a instituição que criou há 36 anos e comandou a maior parte desse tempo foi à lona porque incomodou o mercado com a tecnologia de informação bancária que desenvolveu. "Até o Bill Gates [da Microsoft] citava nossa tecnologia como exemplo", disse. "Alguém tinha interesse em destruir o Banco Santos", afirmou.
Na sua versão, pelo caráter "inovador de seus produtos financeiros e atuação no mercado", o Banco Santos teria despertado a ira da concorrência, especialmente " dos grandes bancos".
Às "pressões do mercado", segundo ele, somaram-se quase três anos da presença de fiscais do BC na instituição, o que teria afugentado os clientes. Mesmo o rombo de R$ 2,29 bilhões, identificado pelo BC, teria sido "montado", pelo interventor Vânio Aguiar.
"O dr. Vânio entra no banco, junta [débitos] de clientes do Santos e de suas empresas e monta um "default" de R$ 2,3 bilhões, quando o rombo era de apenas R$ 100 milhões", afirmou.
Durante todo o depoimento, que durou mais de duas horas, Cid Ferreira procurou eximir-se de responsabilidade pela gestão do Santos. "Eu cuidava apenas da parte estratégica, meus diretores é que conduziam o banco", disse.
Para o advogado Luiz Müller Filho, do escritório Lobo & Ibeas, representante de credores, Cid Ferreira entrou em contradição ao menos uma vez. "Ele afirmou que as empresas Santos Par, Invest Santos e Sanvest são estrangeiras, sem ligação com o banco."

Debêntures
Questionado pelo promotor Alberto Camiña Moreira se as debêntures emitidas por elas serão pagas, Cid Ferreira respondeu: "Agora não, pois o BC quebrou o banco". Para Müller, isso só faz sentido se o banco for dono daquelas empresas. Essas debêntures eram vendidas pelo Santos aos clientes que pediam empréstimos em operações de reciprocidade.
Por diversas vezes Cid Ferreira mostrou-se impaciente com as perguntas do promotor e, no final, desculpou-se.


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