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CONTAS VIGIADAS
Ex-banqueiro diz não sair de casa há um ano
Edemar acusa BC e concorrentes pela falência do Banco Santos
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Edemar Cid Ferreira, ex-dono
do Banco Santos, que teve sua falência decretada no dia 20 de setembro, diz que "há um ano não
sai de casa" empenhado em preparar sua defesa e municiar seus
advogados. O resultado dessa
concentração é um arrazoado de
acusações ao Banco Central
-que ele responsabiliza pela
quebra de sua instituição- e aos
grandes bancos, auto-elogios e algumas aparentes contradições.
O ex-banqueiro deixou sua casa
ontem para prestar seu primeiro
depoimento ao juiz Caio Marcelo
Mendes de Oliveira, da 2ª Vara de
Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, no centro de
São Paulo.
Na versão de Cid Ferreira, a instituição que criou há 36 anos e comandou a maior parte desse tempo foi à lona porque incomodou o
mercado com a tecnologia de informação bancária que desenvolveu. "Até o Bill Gates [da Microsoft] citava nossa tecnologia como exemplo", disse. "Alguém tinha interesse em destruir o Banco
Santos", afirmou.
Na sua versão, pelo caráter
"inovador de seus produtos financeiros e atuação no mercado",
o Banco Santos teria despertado a
ira da concorrência, especialmente " dos grandes bancos".
Às "pressões do mercado", segundo ele, somaram-se quase três
anos da presença de fiscais do BC
na instituição, o que teria afugentado os clientes. Mesmo o rombo
de R$ 2,29 bilhões, identificado
pelo BC, teria sido "montado",
pelo interventor Vânio Aguiar.
"O dr. Vânio entra no banco,
junta [débitos] de clientes do Santos e de suas empresas e monta
um "default" de R$ 2,3 bilhões,
quando o rombo era de apenas R$
100 milhões", afirmou.
Durante todo o depoimento,
que durou mais de duas horas,
Cid Ferreira procurou eximir-se
de responsabilidade pela gestão
do Santos. "Eu cuidava apenas da
parte estratégica, meus diretores é
que conduziam o banco", disse.
Para o advogado Luiz Müller Filho, do escritório Lobo & Ibeas,
representante de credores, Cid
Ferreira entrou em contradição
ao menos uma vez. "Ele afirmou
que as empresas Santos Par, Invest Santos e Sanvest são estrangeiras, sem ligação com o banco."
Debêntures
Questionado pelo promotor Alberto Camiña Moreira se as debêntures emitidas por elas serão
pagas, Cid Ferreira respondeu:
"Agora não, pois o BC quebrou o
banco". Para Müller, isso só faz
sentido se o banco for dono daquelas empresas. Essas debêntures eram vendidas pelo Santos aos
clientes que pediam empréstimos
em operações de reciprocidade.
Por diversas vezes Cid Ferreira
mostrou-se impaciente com as
perguntas do promotor e, no final, desculpou-se.
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