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Aprimoramento e capacidade de administração e de gestão pedagógica sublinham carreira de professor
Em educação, profissional tem de reaprender sobre o trabalho
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O professor de hoje precisa reaprender conceitos sobre educação e empregabilidade. Atualmente, as melhores
oportunidades estão além da sala de
aula, ainda que esta permaneça como
o palco por excelência da atividade.
"Claro que todas as escolas continuam contratando professores. Mas
agora se abre um campo para o profissional que domina gestão pedagógica
e administrativo-financeira", avisa
Roberto Prado, diretor-executivo do
Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo).
No ensino público, o volume de vagas e de alunos teve expansão nos últimos anos. De 1991 a 2001, o número de
professores cresceu 48,95% na pré-escola, 19,85% no ensino fundamental e
6,7% no superior. Assim, a demanda
por professores pode até se elevar.
Mas o cenário é outro para quem deseja trabalhar nas escolas particulares
ou obter rendimentos mais altos que a
remuneração oferecida pelo governo.
Os empresários dizem que o segmento
está em crise: "A oferta de vagas cresceu 64%, mas o número de alunos, só
12%", comenta Prado. "A capacidade
da rede privada de absorver professores para lecionar está limitada."
O mercado, diz, busca profissionais
capazes de coordenar a montagem de
uma escola, ou seja, de estabelecer grades curriculares e conteúdos programáticos, de coordenar os programas e
professores e de projetar a plataforma
pedagógica em que a instituição se
apoiará. Educadores com esse perfil
tanto podem se empregar nos estabelecimentos como trabalhar em cursos
ou oferecer consultoria.
O mercado também carece, avisa
Prado, de profissionais habilitados para gerir administrativamente as escolas: o educador capaz de tratá-las como empresas e garantir resultado operacional, controlando gastos e lucros.
Ana Maria Martins de Souza, 53, assessora técnica da unidade de tecnologia e gestão educacional do Senac-SP,
destaca outros caminhos que professores podem desenhar, desde que entendam a atividade como algo além da
educação formal e da reprodução do
conhecimento. Capacitado para ensinar o aluno a pensar, o profissional
pode atuar na educação corporativa,
em cursos "in company" (ministrados
na empresa) e no ensino a distância.
"Só as grandes empresas mantêm
uma estrutura de treinamento e desenvolvimento. É um espaço que pode
ser preenchido por quem atua como
profissional liberal", sugere Souza.
As áreas do conhecimento e as empresas nas quais os professores podem
prestar serviços são as mais diversas
-desde que o profissional se disponha a se desapegar das formas tradicionais de contratação e de emprego.
"Um professor pode ensinar matemática financeira numa companhia.
Outro, português para secretárias e
executivos", exemplifica. "Mas é necessário buscar o trabalho, oferecer-se
nas empresas. E isso implica reconhecer em si competências de gestor do
próprio conhecimento e verificar as
necessidades das empresas."
Atualização
Assim como em outras carreiras, na
educação é preciso manter-se atualizado. "Professor parado no tempo não
tem vez. Além da atualização na matéria que ministra, é preciso estar em dia
com as novidades da pedagogia e da
tecnologia da educação, além de não
ter medo de informática", avisa Prado.
"O conceito de que o diploma era suficiente para toda a vida caiu por terra.
A reciclagem é um trabalho contínuo
de que todo professor precisa", ressalta o consultor Celso Antunes.
Professores que têm apenas o curso
técnico (normal ou magistério) devem
se apressar, pois a LDB (Lei de Diretrizes e Bases), de 1996, estabeleceu que
para lecionar no ensino básico o profissional deve ter curso superior. Parecer do MEC (Ministério da Educação)
recentemente divulgado isenta professores do pré-primário à quarta série da
exigência. Mas os demais podem ser
barrados no mercado. (JG)
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