São Paulo, domingo, 05 de janeiro de 2003

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FUTEBOL

Ainda sobre o Ranking Mundial

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ano de 2003 não poderia ter começado de melhor forma para esta coluna, que quebrou seu recorde de e-mails após a publicação, parcial, do Ranking Mundial de Clubes no último domingo. Algumas explicações e análises sobre o ranking são necessárias. Além do grande interesse despertado em muitos leitores sobre essa pesquisa histórica (para minha surpresa, só dois e-mails criticaram alguns dos critérios adotados), a última coluna só mostrou friamente as posições dos cem primeiros na tabela, sem comentar o resultado.
Antes de interpretar os números, quero dizer que os leitores interessados (muitos, acredito, estavam viajando na virada do ano) que não receberam o ranking completo podem solicitá-lo pelo meu e-mail. Primeiro, o Real Madrid é líder disparado, único time com mais de mil pontos na lista. Óbvio. Não há contestação. Segundo, uma série de tradicionais e vitoriosos clubes, todos estrangeiros, figuram entre os Top 10.
Uma família santista lamentou a colocação do lendário clube de Pelé (19º). Assim como é fato que o Santos capturou dezenas de troféus no exterior, é fato que o campeão brasileiro possui "apenas" cinco títulos oficiais ou de boa expressão no cenário internacional (com o esquadrão que teve, o Santos deveria ter ganho mais que dois Mundiais, duas Libertadores e uma Conmebol). Pesa contra os times brasileiros a dificuldade em chegar aos torneios continentais. Em alguns anos, também não foi dada a devida prioridade para competições fora do país.
São Paulo, Cruzeiro, Santos, Palmeiras, Flamengo e Grêmio são os brasileiros mais bem colocados e aparecem entre os 25 melhores. Deixando de lado rivalidades clubísticas, é nítido que esses foram os times nacionais mais bem-sucedidos no exterior.
Quanto ao Mundial de Clubes, mesmo esse não tendo alcançado ainda sua segunda edição, é impossível virar as costas para a Fifa. Para o Ranking Mundial de Clubes (será mesmo anual agora), o torneio realizado em 2000 no Brasil foi inspirador. O Raja Casablanca, o Al Nasr e até o South Melbourne figuram no ranking com relativo destaque e são exemplos de times quase nada famosos que já fizeram algum "barulho" mundo afora. Nenhuma outra lista histórica havia sido tão globalizada quanto a divulgada no domingo passado. As disputas que de fato tiveram peso em todas as regiões não foram "excluídas", mas por tradição os torneios de Europa-América do Sul tiveram mais peso.
A presença de alguns africanos e asiáticos com destaque no ranking pode ter surpreendido um pouco. Mas basta um exemplo para mostrar que os pontos dados aos times dos continentes de menor tradição no futebol não foram superestimados. O egípcio Zamalek, pentacampeão africano e vencedor de disputas intercontinentais, está logo atrás do colombiano América de Cali, que nunca foi campeão de seu continente -em 32º lugar, o Zamalek é o melhor não-europeu-sul-americano. Os principais continentes do futebol ainda levam vantagem porque seus torneios são mais antigos e, no geral, regulares.
Arsenal, PSG, Roma e San Lorenzo são exemplos de clubes de grande projeção, mas que pouco triunfaram internacionalmente. Isso, é claro, reflete no ranking, que espera ansioso pelas disputas deste 2003.

2003 na Europa
Na Inglaterra, falam que o ano será de "Diego" (Wayne Rooney, do Everton) e "Robinho" (James Milner, do Leeds). Minha aposta ainda é Van der Vaart, do Ajax.

2003 na América do Sul
A Libertadores, que teve sua maior cobertura televisiva até hoje na PSN, agora se vê na Fox (também EUA).

2002 na África
Ou Diouf (SEN), ou Diop (SEN) ou Mido (EGI) será eleito melhor jogador do continente no ano passado. Mas o resultado só sai em 31 de março deste ano.

2002 na América do Sul
Cardozo (PAR) foi o melhor da região no ano passado. Para quem lembra da Copa de 1998, é duro de engolir.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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