São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 2005

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MOSTRA

Exposição no MIS terá obras de arte e festival de filmes
Evento em SP expõe filosofia do surfe

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se você precisasse escolher uma cidade do Brasil, país com extensa faixa litorânea e inúmeras capitais à beira-mar, para sediar uma mostra de surfe, qual seria sua escolha? São Paulo, é claro. Pelo menos se você pensa como Romeu Andreatta Filho, idealizador da 2ª Mostra Internacional de Arte e Cultura Surf, que acontece a partir de hoje, no Museu da Imagem e do Som, na capital paulista.
A escolha de Andreatta, que não é nova -a primeira mostra também aconteceu em São Paulo, no ano passado-, está diretamente ligada ao objetivo do evento: a quebra de estereótipos sobre o surfe e os surfistas, a derrocada da visão puramente comercial do esporte. A idéia é mostrar que a arte de deslizar sobre as ondas é uma filosofia de vida, uma cultura.
Para passar a mensagem, a mostra expõe uma série de trabalhos -são quadros, fotos, esculturas e literatura especializada- de artistas nacionais e estrangeiros ligados à cultura do surfe (veja quadro ao lado), além de criar o 1º Festival Internacional de Filmes de Surf, que terá mostra competitiva de cinema e vídeo.
Andreatta, um dos criadores da revista "Fluir" e pioneiro na divulgação do esporte, explica o avanço daquilo que considera um estilo de vida: "A década de 1980 foi a época de marcar o surfe como esporte, de conquistar um espaço. Na década de 1990, lutamos para transformá-lo em um negócio, o que acabou tomando uma dimensão pop, industrial. Agora, começou a ressurgir o surfe como uma filosofia de vida, como ideologia, arte e cultura".
Ou seja, a luta é para uma volta às raízes do esporte. Se o estereótipo inicial -de coisa de "desocupados" e "maconheiros"- incomodava, o aspecto puramente mercadológico que o surfe passou a ter, gerando uma indústria multimilionária com mídia e moda própria, também desagrada aos ideólogos do chamado "desconstrutivismo".
"A grande missão desse evento é desconstruir esta era que transformou o surfe em "mercado". Buscamos arejar este segmento com novos símbolos não-comerciais. A mostra tem a missão institucional de transmitir a mensagem da mais moderna e progressiva maneira de viver", diz Andreatta no material de divulgação.

Cinema e surfe
Um dos principais veículos da filosofia do surfe são os filmes, motivo pelo qual os organizadores decidiram lançar o festival internacional dentro da mostra.
Diversas superproduções recentes do gênero estão na lista - "Riding Giants", "Billabong Odissey" e mesmo o brasileiro "Fábio Fabuloso"-, mas o destaque fica com os vídeos e as produções independentes, nas quais o espírito da mostra realmente está.
São filmes como "Second Thoughts", dirigido por Timmy Turner, que documenta as aventuras do diretor e de dois amigos em busca de ondas perfeitas em uma ilha indonésia desabitada.
Da viagem à estadia cheia de percalços, passando pelas cenas dentro da água e das ondas, o filme adota o estilo "faça você mesmo", sem nada do glamour que ronda as turnês das estrelas da prancha em outros filmes do tipo.
Outro bom documentário que será exibido é "A Broken Down Melody", dirigido por Chris Mulloy. Ainda que tenha estrelas do surfe (como Kelly Slater e Gerry Lopez) envolvidas na produção, o filme se destaca pelas belas imagens gravadas em 16mm, por dar espaço ao subvalorizado "bodysurf" (o popular "jacaré") e pela excelente trilha sonora, que inclui Jack Johnson, Eddie Vedder e até um inesperado Astor Piazolla.


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