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Hitler dubla 'O Mágico de Oz' no palco

Ator da companhia italiana Fanny & Alexander faz todas as vozes do filme em cena

ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Adolf Hitler de joelhos, em posição de clemência. É essa a imagem que o público encontra, bem ao centro do palco, tão logo chega à sala de teatro onde é apresentado o espetáculo "Him".

Essa imagem desencadeia associações imediatas, com o perfil de um político autoritário, com as crueldades da Segunda Guerra, os campos de concentração.

Trata-se, na verdade, de uma apropriação do discurso do artista plástico também italiano Maurizio Cattelan, autor de uma escultura que perfila o Führer na mesma posição, de joelhos.

Mas há um elemento estranho a mais: ao fundo da cena, exibe-se o filme "O Mágico de Oz", versão de 1939, com Judy Garland.

Marco Cavalcoli, o ator que interpreta Hitler, ergue os braços como um maestro, e de sua boca saem as vozes de todos os personagens do longa, inclusive trechos da trilha sonora e a canção "Somewhere over the Rainbow".

O sentido performático, assumido como ponto de encontro entre o filme e a figura de Hitler, resulta em um exercício de virtuosismo.

Passados alguns minutos do início do espetáculo, a ideia se concentra na interpretação, no desenvolvimento da caricatura, nas caras de louco do personagem.

A combinação traz ao palco outros significados, diz o diretor da montagem, Luigi de Angelis. Ele relembra que o personagem-título de "O Mágico de Oz" é desmascarado no fim como um sujeito sem poder nenhum. Seu poder está justamente na performance, no circo que arma.

Portanto, não é somente de Hitler que a peça fala. O discurso público como ferramenta de manipulação ganha contornos de comédia surreal. Hitler torna-se, ao olhar do espectador, "uma espécie de criança", diz Angelis.

DISCURSO

"Além de figura política, Hitler foi um ator memorável", diz o encenador. "Ele usou o discurso público como forma de conduzir seu plano para uma nação. Também é um falso mago", diz.

"Him" faz parte de um projeto mais amplo da companhia Fanny & Alexander, apresentado pela primeira vez na cidade em que o grupo mora, Ravena, em 2007.

O projeto desdobrou-se em várias montagens, tendo sempre como ponto de partida o filme "O Mágico de Oz". A montagem do grupo poderá ser vista em três sessões, de hoje a sábado, no Sesc Santana, em São Paulo.


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