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Peça narra o fim da era das radionovelas

Passada nos anos 1960, 'Caros Ouvintes' mostra a difícil adaptação dos atores à televisão nos anos 1960

Comédia dirigida por Otávio Martins e protagonizada por Petrônio Gontijo estreia hoje em São Paulo

FERNANDA REIS DE SÃO PAULO

Se os filmes "Cantando na Chuva" (1952) ou "O Artista" (2011) ganhassem cores brasileiras, talvez saísse algo como "Caros Ouvintes".

Em vez de abordar a difícil adaptação de atores do cinema mudo para o falado, a peça trata da decadência dos atores de novelas para o rádio com o sucesso da TV.

Ambientado no fim da década de 1960, o espetáculo com roteiro e direção de Otávio Martins acompanha a gravação do último capítulo da rocambolesca radionovela "Espelhos da Paixão".

A equipe do produtor Vicente (Petrônio Gontijo) sofre com o clima de incerteza em relação ao futuro: a estrela da trupe, Conceição (Natállia Rodrigues), é seduzida pela TV, a próxima produção não é confirmada e os patrocinadores querem "modernidade".

Para completar o clima de tensão, o mocinho da novela, Jonas, não aparece na gravação após participar de uma reunião de sindicato.

A situação política do Brasil é tema importante da peça. Num dos momentos mais pesados, uma das atrizes do grupo faz um discurso inflamado a favor da ditadura.

Apesar disso, Martins diz que a peça é uma comédia. "Tem gente que ri mesmo nesses momentos tensos", conta. Sua ideia inicial era focar na radionovela, assunto pouco explorado, em sua opinião, mas diz que falar da ditadura em uma peça passada nos anos 1960 era inevitável.

Para o diretor, as questões discutidas no texto são pertinentes ainda hoje. Ele traça um paralelo entre a adaptação de atores de rádio para a TV e a enfrentada pelos jornais impressos, com o crescimento da internet.

Toda a ação se desenrola no estúdio da rádio, decorado com apuro. Dos discos pendurados na parede às lâmpadas, tudo parece saído direto dos anos 1960. Duas poltronas que compõem o cenário, inclusive, foram trocadas porque o forro parecia "novo demais".

O sonoplasta da rádio, responsável pelos efeitos do programa, usa instrumentos inusitados em cena. Para fazer barulho de chuva, por exemplo, sacode uma bexiga cheia de grãos de milho. O som do gatilho de uma arma é produzido por um isqueiro antigo.


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