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Análise

Maturidade chegou, mas países jogam na zona de conforto

LUCIANA COELHO EDITORA-ADJUNTA DE MERCADO

É difícil imaginar visita de secretário de Estado americano ao Brasil mais insípida do que a de John Kerry ontem.

Não que seja de todo um mau sinal. Não fosse o desconforto causado pela constatação de que os EUA espionam o Brasil, não exatamente uma surpresa, seria fácil dizer que as relações entre Washington e Brasília navegam na calmaria. Sem grande risco, sem grande emoção.

O chanceler Antonio Patriota levantou o tema, como esperado, e Kerry respondeu, protocolarmente, que a relação supera a escaramuça.

Mas o que sobrou do encontro, além disso, e o que esperar da visita de Estado da presidente Dilma Rousseff a Barack Obama, em outubro?

Pelo que se ouviu, pouco.

Indagados sobre o fim da exigência de vistos a brasileiros, os chanceleres deixaram claro que é uma meta comum, mas ainda sem previsão.

Há regras a cumprir ou a mudar, e, para mudá-las do lado americano, a via principal é o inoperante Congresso dos EUA, onde até há algum interesse, mas do qual é difícil esperar ação rápida.

Como Dilma em sua primeira visita aos EUA, em 2012, os dois ressaltaram o Ciência sem Fronteiras e seu análogo americano como medida do avanço das relações.

Seria de se espantar, contudo, que dois países com intercâmbio comercial intenso, interesses regionais às vezes díspares e maturidade para aprofundar a relação de fato pusessem o intercâmbio estudantil no topo da agenda.

Seria jogar na zona de conforto, onde tudo opera bem, mas não há maior pretensão (para desgosto de empresários e turistas dos dois lados).

É verdade que EUA e Brasil abriram nos últimos anos um sem-número de iniciativas conjuntas. Mas tantos diálogos dispersam o foco ao invés de concentrá-lo no que interessa: energia, comércio, segurança regional, turismo.

Kerry, casado com uma moçambicana, tratou de dar "bom dia" e "obrigado" em português, familiarizado com a língua. É uma analogia melhor para a relação bilateral do que as muitas fotos opondo a altura dos chanceleres.

Diferentemente do passado, afinal, hoje o Brasil tem estatura global, e os dois países entendem bem o que o outro diz. Pena que, por ora, a conversa se limite ao trivial.


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