São Paulo, domingo, 06 de outubro de 2002

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CONFLITO À VISTA

Em programa de rádio, presidente antecipa discurso que fará amanhã explicando razões da ameaça ao Iraque

Guerra poderá ser inevitável, alerta Bush

DA REDAÇÃO

Após declarar o programa de armamentos do Iraque uma "grave e crescente ameaça" aos EUA, o presidente George W. Bush disse ontem que a guerra poderá ser inevitável se o ditador Saddam Hussein se recusar a se desarmar. "Nosso país valoriza a vida, e nós nunca buscaremos a guerra, ao menos que isso seja essencial para a segurança e a Justiça", disse Bush em seu programa semanal de rádio.
Antecipando um discurso televisivo previsto para amanhã no qual ele pretende explicar à população americana, ao Congresso e às Nações Unidas por que os EUA estão se preparando para a guerra, Bush chamou Saddam Hussein de "um homem cruel e perigoso", que vem enganando o mundo sobre seus armamentos de destruição em massa nos últimos 11 anos.
Os EUA acusam o Iraque de desenvolver armas químicas, biológicas e nucleares e de colaborar com grupos terroristas internacionais. O Iraque nega.
"Esperamos que o Iraque cumpra com as demandas mundiais", disse Bush. "Se, entretanto, o regime iraquiano persistir em seu desafio, o uso da força poderá ser inevitável. Atraso, indecisão e inação não são opções para os EUA, porque poderão levar a um horror em massa e repentino."
O Iraque havia aceitado, no mês passado, o retorno das inspeções de armas da ONU, interrompidas em 1998, como forma de evitar uma ação americana.
Os EUA, porém, dizem não confiar na oferta de Saddam e exigem a aprovação, pelo Conselho de Segurança da ONU, de uma resolução aprovando uma ação militar caso as inspeções não cumpram seu objetivo.
Anteontem, o chefe dos inspetores da ONU, Hans Blix, disse aceitar a proposta americana de enviar os inspetores ao Iraque somente após a aprovação de uma nova resolução. Anteriormente, Blix havia dito que as vistorias poderiam recomeçar no dia 19 de outubro.
O governo russo defendeu ontem o retorno rápido das inspeções ao Iraque, sem a necessidade de uma nova resolução. "Não há sérios obstáculos para o retorno das inspeções ao Iraque o mais rápido possível", disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Igor Ivanov.
A Rússia, a China e a França já se manifestaram contra a proposta americana de aprovar uma nova resolução contra o Iraque. Os três países, ao lado de EUA e Reino Unido, são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, com poder de veto sobre suas resoluções.
"Do ponto de vista legal, não é necessária uma nova resolução do Conselho de Segurança para o retorno das inspeções", afirmou Ivanov. "A Rússia acha que agora a questão mais importante é que os inspetores retornem ao Iraque o mais rápido possível e comecem o seu trabalho", disse.

Apoio
O chanceler iraquiano, Naji Sabri, iniciou anteontem uma ofensiva diplomática para tentar obter apoio -ou ao menos a neutralidade- dos países vizinhos contra a ameaça de ataque militar dos EUA.
"Nos importam as consultas com os dirigentes árabes sobre a etapa que se anuncia e que veria os EUA atacarem não somente ao Iraque, mas a todos os países árabes", afirmou Sabri, que passaria ontem por Omã, após ter visitado Bahrein, anteontem.
Ele deve ir ainda aos Emirados Árabes Unidos e ao Qatar, levando uma carta de Saddam Hussein pedindo apoio.


Com agências internacionais


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