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SAÚDE
Governo Mbeki anuncia plano para distribuir remédios anti-retrovirais de graça
África do Sul terá terapia contra Aids
DA REDAÇÃO
Portadores do vírus HIV, pacientes de Aids e ativistas comemoraram o anúncio feito pelo governo da África do Sul de que desenvolverá um plano para oferecer gratuitamente remédios anti-retrovirais, mas criticaram a demora para a tomada da decisão.
Na sexta-feira, o governo do
presidente Thabo Mbeki anunciou que iniciará os preparativos
para, até o final de setembro, começar a distribuir gratuitamente
os remédios que prolongam a vida de portadores de HIV/ Aids.
"O governo divide a impaciência de tantos sul-africanos quanto
à necessidade de fortalecer nossos
recursos na luta contra a Aids",
anunciou o governo. Mas as autoridades estimam que serão necessários até nove meses para que os
remédios cheguem aos cerca de
500 mil sul-africanos que precisam deles com mais urgência.
O Ministério da Saúde calcula
que gastará entre US$ 2,3 bilhões
e US$ 2,8 bilhões por ano para
oferecer o tratamento a todos os
que necessitarem. Mas 1,7 milhão
de mortes poderão ser evitadas
nos próximos anos.
"Saudamos a importante decisão, mas lembramos a angústia, a
dor e a perda desnecessária de vidas ocorrida nos últimos quatro
anos", afirmou o grupo Ação pelo
Tratamento, que desde 1998 pressiona o governo a fornecer tratamento gratuito contra a Aids.
A África do Sul, com 42 milhões
de habitantes, tem 4,7 milhões de
soropositivos e doentes de Aids.
Embora não seja o país com o
maior percentual de infectados, é
o que tem o maior número de
portadores do vírus no mundo.
Até agora, o governo negava-se
a distribuir os medicamentos gratuitamente sob a alegação de que
não tinha recursos suficientes e de
que necessitava desenvolver condições no serviço público de saúde para oferecer o tratamento de
forma eficaz. Também questionava os efeitos colaterais causados
pelo tratamento anti-retroviral.
Atualmente, a África do Sul oferece tratamento gratuito apenas
para evitar que mães contaminem
os fetos durante a gravidez. Também há alguns programas limitados financiados por recursos externos. O resto da população infectada só tem acesso aos remédios se pagar por eles ou por meio
de serviços privados.
Mbeki é frequentemente acusado de ter questionado a ligação
entre o HIV e a Aids. Ele nega ter
feito declarações nesse sentido.
"A doença é adquirida por meio
de um vírus, mas más condições
de saúde contribuem para a destruição do sistema imunológico.
Há a questão da nutrição, da água
potável, da moradia. É preciso lutar contra a pobreza", disse Mbeki à rede britânica ITV.
O tratamento anti-retroviral
não cura os pacientes de Aids
nem reverte a infecção pelo HIV
(o vírus que causa a Aids), mas
impede que o vírus se reproduza
descontroladamente e destrua o
sistema imunológico (de defesa
do organismo), possibilitando
uma vida mais longa e de melhor
qualidade.
Mortes no Brasil caem 50%
O Brasil oferece tratamento gratuito contra a Aids desde 1996 e,
de lá para cá, houve redução de
50% na ocorrência de mortes e de
80% no aparecimento de infecções oportunistas (que surgem
com a falência do sistema imunológico). A média de internações
hospitalares caiu de 1,65 por paciente em 1996 para 0,28 por paciente em 2001.
Cerca de 120 mil portadores recebem tratamento gratuito. Os
gastos anuais com a Aids no Brasil são de cerca de US$ 550 milhões, mas houve economia com
a redução das internações.
Com agências internacionais
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