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ORIENTE MÉDIO
Reunião faz parte de encontros regionais temáticos para avaliar temas que serão discutidos no fórum de Porto Alegre
Fórum Social Mundial promove debates em Ramallah
PAULO DANIEL FARAH
ENVIADO ESPECIAL A RAMALLAH
Num momento de particular
tensão no Oriente Médio, o Fórum Social Mundial está promovendo uma série de debates relacionados ao conflito israelo-palestino, em Ramallah, na Cisjordânia, com o intuito de discutir
temas como Jerusalém, recursos
hídricos, refugiados, negociações,
assentamentos e militarização,
entre outros, e integrá-los à agenda em Porto Alegre.
A proposta do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial é organizar fóruns temáticos
como os que já aconteceram na
Argentina e na Europa e os que
estão programados para o início
de janeiro em Adis Abeba (Etiópia) e Haiderabad (Índia) a fim de
abordar questões específicas.
Durante o FSM no Brasil, no
mês que vem, a mesa de diálogo e
controvérsia "Em oposição às
guerras do século 21, como construir a paz entre os povos?" deve
priorizar o Oriente Médio.
Entre os cerca de 380 palestinos
e 200 estrangeiros em Ramallah, o
paranaense Zelitro Luz da Silva,
41, integrante do MST (Movimento dos Sem Terra), participou ontem de uma plenária sobre "O Papel dos Movimentos Sociais na
Resistência a Impactos Negativos
da Globalização".
Ele afirma ter sido interrogado
durante cinco horas, no aeroporto de Tel Aviv (Israel), na última
quinta. "Insisti todo o tempo em
que ia visitar uma comunidade
agrícola, pois sabia que, se revelasse o propósito da viagem, provavelmente não entraria", alega.
Ao menos 12 estrangeiros teriam sido expulsos ainda no aeroporto. O Ministério do Interior de
Israel confirmou sete expulsões
de belgas e disse que a medida foi
necessária porque eles poderiam
"ameaçar a paz" do país.
"Temos uma longa tradição de
solidariedade com os palestinos e
os israelenses que desejam a paz",
diz a italiana Rafaela Bolini, 42,
responsável pela organização do
Fórum Temático Europa, que
ocorreu em novembro.
"É triste que mais de 50 anos
após a declaração dos direitos humanos estejamos esquecendo os
verdadeiros valores e privilegiando o preconceito em relação ao
Oriente Médio. Para mim, as pessoas que lutam pela terra no Brasil
ou por empregos na Itália estão
na mesma luta que os palestinos e
todos os que querem o fim da
ocupação israelense para haver
paz na região e no mundo", argumenta Bolini.
Uma das organizadoras da conferência em Ramallah, a palestina
Bahya Amra, 34, diz lamentar a
ausência de representantes israelenses no fórum. "Não há espaço
para intolerância, mas eles não
podem entrar na cidade."
A princípio, cogitou-se a possibilidade de promover os debates
em Jerusalém Oriental, afirma
Amra, mas "provavelmente Israel
prenderia os participantes palestinos, pois ultimamente até um
jantar com cinco pessoas é considerado um ato político nacionalista. Nas cidades de Israel, os palestinos não podem entrar. Não
havia outra opção a não ser uma
localidade palestina ou um terceiro país, mas é difícil viajarmos, e a
volta não é garantida".
Restrições semelhantes enfrentam representantes das entidades
palestinas que pretendem participar do fórum em Porto Alegre, segundo o Centro de Democracia e
Direitos Trabalhistas na Palestina
(CDDTP). Para obter um visto,
precisariam ir à Embaixada do
Brasil em Tel Aviv, mas dizem encontrar dificuldade em conseguir
permissão para ir à cidade israelense. Além disso, ainda de acordo com o CDDTP, a embaixada
haveria dito que teria de enviar os
passaportes ao Brasil durante um
mês. A reportagem tentou entrar
em contato com a embaixada na
semana passada, mas ninguém
atendeu ao telefone.
Paulo Daniel Farah viajou a Ramallah a
convite do Fórum Social Mundial
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