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Para os que defendem a nova lei, entretanto, haverá mais transparência e proteção aos sócios
Burocracia e custo são lado negativo
DA REDAÇÃO
Cara: proteção dos sócios minoritários. Coroa: maior burocracia. Em meio às discussões entre
especialistas sobre qualidades e
defeitos do novo Código Civil, esses são os dois lados que sobressaem na parte referente ao direito
empresarial da nova legislação.
A complexidade "exagerada" à
que as sociedades limitadas estarão sujeitas é a maior reclamação.
"Vai haver mais burocracia para a
maioria das micro e pequenas
empresas", diz o advogado Valdir
Amorim, da IOB Thomson.
Ele considera "prejudicial" a necessidade de registrar na Junta
Comercial simples alterações
contratuais, como mudança de
endereço ou de estado civil dos
sócios. Outro aspecto é a obrigatoriedade de publicar notícias como assembléia de mais de dez sócios e encerramento da empresa.
"Também o credor poderá solicitar a penhora dos bens do sócio,
caso este, por exemplo, utilize
cheque da empresa para despesas
pessoais ou pague gastos da sociedade com dinheiro próprio, o que
é uma prática bastante comum."
Alto custo
O advogado Joaquim de Paiva
Muniz, 30, cita como empecilho
adicional a criação de livros societários para as pequenas empresas,
além do livro contábil, hoje o único existente. "Muitas decisões
também deverão ser arquivadas
na Junta Comercial, que hoje cobra uma taxa de R$ 90", comenta.
A advogada Adriana Pallis Romano, do Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados, aponta a
volta de questões dúbias. "Hoje
há uma prática adotada, uma jurisprudência. Agora questões que
não suscitavam dúvidas reaparecerão", prevê a especialista.
Entre as consequências, de
acordo com Sandra Regina Fiorentini, do Sebrae-SP, está a possibilidade de as novas empresas
"tentarem permanecer, ao máximo, na informalidade". "Após
um ano, quando vence o prazo
para as empresas já constituídas
se adaptarem, muitas delas cairão
na ilegalidade também", avalia.
O lado bom
Para o professor do Ibmec e da
Escola de Magistratura do Rio de
Janeiro Ronald Sharp Junior, o resultado final do código não é insatisfatório. Mas ele defende "acertos à medida que sentirmos a necessidade de modificações".
Para o vice-presidente do CRC-SP (Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo), Hajime
Isayama, 60, o código será bem-vindo. "Ele procura harmonizar
os procedimentos na parte legal
para proteger os minoritários."
"Hoje, para retirar um sócio, a
maioria é o suficiente. Agora, excetuando casos de extrema gravidade, será preciso ir à Justiça, pois
o direito à autodefesa estará garantido", completa o advogado
José Eduardo Aguirre, 59.
Independentemente da burocracia, a empresária Andrée de
Ridder Vieira, 35, da Ecos da Terra, apóia mudanças. "Se for para
gerar transparência, é válido."
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