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Mais do que adotar um visual atraente, apresentação da empresa precisa destacar a sua identidade
Imagem eficiente marca território
VERONICA FRAIDENRAICH
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Pensar na marca ou no logotipo
do negócio pode parecer tarefa
simples para alguns empresários
que, por economia, preferem bolar, eles próprios, um nome ou
um desenho no computador. Há
também aqueles que não dão
muita importância a esse serviço,
deixando-o por último nos preparativos. Os dois perfis têm algo
em comum: correm risco.
Já é consenso: a marca representa a identidade do negócio. Se
não for apresentável, seu produto
tampouco o será. Com a grande
quantidade de informações visuais de hoje -na televisão ou na
rua-, a marca bem-feita sempre
se destaca das concorrentes.
"É como a assinatura de uma
pessoa, que pode ser reconhecida
pelo banco até quando ela não está lá", explica Alexandre Wollner,
designer gráfico e um dos fundadores da Escola Superior de Desenho Industrial, da Universidade
Estadual do Rio de Janeiro, em
1963, e do curso de design da Universidade Mackenzie, em 1972.
Para o designer gráfico Ailton
Marques, a marca significa um recurso estratégico tão importante
quanto a definição e a qualidade
do produto a ser oferecido. "Não
consigo conceber um negócio de
sucesso sem dar a devida atenção
para a sua marca", afirma.
A pedido da Folha, profissionais da área de design gráfico analisaram a logomarca de dez empresas de pequeno e médio porte
para apontar os pontos positivos
e negativos.
Para começo de conversa, é
bom lembrar que uma marca eficiente não é aquela bonita ou esteticamente resolvida, mas a que
também tem um significado que
as pessoas entendam e apreciem.
Exemplos frequentemente citados pelos designers são a Nike e a
Coca-Cola. "A força da Nike, por
exemplo, é tanta que às vezes não
utiliza nome, apenas o símbolo, e
todo mundo reconhece", comenta Ronald Kapaz, sócio-diretor da
OZ Design e membro do conselho
de ética da Associação dos Designers Gráficos do Brasil (ADG).
Segundo ele, a imagem, que faz
alusão a um bumerangue, remete
a algo atlético, esportivo, veloz.
"O consumidor incorpora uma
série de valores comportamentais, como versatilidade, dinâmica
e sintonia, ao usar o produto", diz.
A qualidade de uma marca não
é garantia direta de aumento nas
vendas. Se o produto for ruim, a
marca não vai melhorá-lo. Mas se
o produto for bom, será valorizado junto com a imagem. Wollner
cita como exemplo uma padaria
que produz um ótimo pão e atrai
até moradores de outros bairros.
"Não é a marca que faz o produto,
mas o produto que faz a marca."
Os donos da Cyber, empresa de
games e internet surgida no final
de 2001 em São Paulo, foram os
responsáveis pela escolha do nome da empresa. A marca, porém,
foi criada por uma consultoria especializada em varejo.
Terminado o estudo, ficou determinado que a marca, assim como a arquitetura da loja, deveria
ser trabalhada levando em consideração quatro conceitos: tecnologia, diversão, multimídia e tribos. O resultado agradou aos donos. "A gente não pediu para mudar nada", comenta Alexander
Hlebanja, um dos sócios.
Balão invisível
Para quem tem um orçamento
enxuto, no entanto, a criação da
marca geralmente é feita de maneira simples e barata. A Balão
Mágico Brinquedos, empresa
existente há 14 anos em São José
do Rio Preto (SP), mandou fazer a
sua em uma gráfica da cidade.
Inspirada num programa de TV
de mesmo nome e baseada numa
figura encontrada em uma revista, a marca traz o desenho de um
balão colorido. "Nós fomos reformulando o desenho, deixando o
balão mais arredondado e incluindo outras cores", diz o dono,
José Raimundo de Oliveira.
Apesar da boa intenção, o designer gráfico Alexandre Wollner
alerta para um problema que passou despercebido: "Se a marca tiver que ser impressa em embalagens pequenas, por exemplo, não
vai dar para enxergar detalhes".
"Vontade de comer"
Para reforçar o nome da entidade, a Pizzarias Unidas, associação
que reúne 13 pizzarias do Estado
de São Paulo, resolveu criar uma
logomarca. Os integrantes desembolsaram R$ 500 pelos serviços de um designer gráfico.
No início, não tinham idéia do
que fazer e pediram apenas que ficasse claro que se tratava de uma
associação de pizzarias. "A intenção era que tivesse identificação
com nosso produto", afirma Ricardo Barros, um dos associados.
A agência apresentou sete propostas, e a que foi escolhida ainda
passou por pequenas reformulações. Segundo o designer Clodowaldo Canzian, responsável pela
criação, o símbolo redondo escolhido remete à imagem de uma
pizza fatiada. O dégradé tenta
passar a idéia das lojas associadas
caminhando juntas.
Por fim, o uso do vermelho e do
laranja é explicado "por estarem
associados à vontade de comer".
Satisfeitos, os empresários mandaram imprimir a marca em folhetos para distribuir a clientes.
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