São Paulo, sexta-feira, 05 de agosto de 2005

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ELIANE CANTANHÊDE

Sem cerimônia

BRASÍLIA - Marcos Valério foi a Dirceu no Planalto com um diretor de banco português, 13 dias depois embarcou para Lisboa com o tesoureiro do PTB e foi recebido como "consultor do presidente do Brasil" por um ministro do país amigo, que agora nega. É um bom escândalo, para ninguém botar defeito.
A estada de Valério e do petebista Emerson Palmieri em Lisboa, em janeiro, durou menos de 48 horas. E o que foram fazer lá? Você decide:
1 - Valério diz que foi sondar as contas de publicidade da Portugal Telecom, interessada na Telemig Celular. E Palmieri? Bem, é amigo de Valério, andava cansado e precisava de uma viagenzinha para espairecer.
2 - A Presidência informa que não sabia de nada. E a audiência de Valério com o banqueiro na Casa Civil? Bem, era coisa do Dirceu, ninguém tem nada com isso.
3 - Dirceu explica que recebe todos os banqueiros que aparecem. E por que Valério estava junto, 13 dias antes de ir a Portugal? Bem, perguntem ao próprio Valério e ao próprio banqueiro. Eles devem saber.
4 - Segundo Jefferson, Valério e Palmieri foram a Lisboa com um propósito bem definido: arranjar grana com o banco e a Portugal Telecom para quitar dívidas de campanha do PT e do PTB.
5 - Tudo não passa de mais uma invenção da imprensa, em conluio com forças conservadoras internacionais que querem derrubar Lula.
Se você quer minha opinião, não tem nada demais mesmo. Valério levava banqueiros e grandes empresários ao Planalto, assim como Delúbio Soares introduzia empreiteiros e participava com Sílvio Pereira de reuniões da Petrobras. Tudo muito transparente, muito hospitaleiro.
O que o tesoureiro do PT faz em reunião de empreiteiro no Planalto? Sei lá! E com o presidente da Usiminas? Eu que sei?
Só sei que o Planalto escancarou as portas ao PT, e o comando do PT não se fez de rogado. Entrou e assumiu o controle do Estado.

elianec@uol.com.br

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