São Paulo, sexta-feira, 05 de agosto de 2005

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NELSON MOTTA

Mais-valia nunca valeu tanto

RIO DE JANEIRO - É espantoso -e o que não é atualmente?-, mas os juros dos empréstimos valerianos do Banco Rural e do BMG para o PT são menores do que os que eles cobram dos aposentados, descontados em folha, risco zero.
Como mostram os fatos (e as fotos!), era muito mais arriscado emprestar para aquele careca mal-encarado e seu amigo barbudo acafajestado (eu não daria as chaves do meu carro para nenhum dos dois estacioná-lo...) tendo apenas contratos publicitários como garantia. Esses bancos deveriam estar fora do seu juízo ou então muito mal-intencionados e espero ardentemente que esses empréstimos nunca sejam pagos. Quem emprestou que fique com o mico, como castigo por ganância, cumplicidade ou incompetência. Ladrão que rouba ladrão paga a conta do mensalão.
Falar em juros no Brasil é sempre um escândalo: por que os que são cobrados nos empréstimos a aposentados aqui são muito mais caros do que os que pagam os pensionistas americanos ou chilenos? Embora as garantias e os riscos sejam os mesmos.
Se não gastassem as fortunas que gastaram e gastam em publicidade, os bancos, principalmente os oficiais, poderiam emprestar aos aposentados a juros bem menores. Adivinhe quem paga a conta? É quem mais precisa: o pobre tomador final do empréstimo.
O Banco Popular, criado para emprestar pequenas quantias a juros baixos, torrou numa tacada R$ 25 milhões em propaganda e demagogia (que dariam para emprestar R$ 500 a 50 mil pessoas). Claro, o custo vai ser pago pelos pobres clientes. A mais-valia nunca valeu tanto.
Um deputado pefelista que recebeu dinheiro da agência de Marcos Valério pagou nada menos do que R$ 48 mil de comissão sobre uma contribuição de R$ 150 mil desembolsada por uma empresa amiga. Valério ficou com um terço, superando assim a marca histórica dos 30% estabelecida por PC Farias.

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