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ELIANE CANTANHÊDE
A terceira reforma
BRASÍLIA - Primeiro, a reforma da Previdência. Em seguida, a tributária. Depois tem mais? O governo Lula
vai enfrentar a reforma trabalhista?
Como a da Previdência, a reforma
trabalhista é doída para qualquer
governo, quanto mais para o de um
presidente e de um partido que nasceram no sindicalismo. Mas é necessária para o país e para um governo
que prometeu 10 milhões de novos
empregos na campanha.
Mexer com a aposentadoria de servidor é cutucar com vara curta 600
mil leões da ativa e 950 mil inativos.
Mas regras trabalhistas mexem com
milhões de trabalhadores.
Hoje, as grandes empresas driblam
as regras e os ônus trabalhistas substituindo gente por informatização.
As pequenas, trocando carteira assinada por informalidade. Sinal de que
algo precisa ser revisto no sistema.
Mas, até agora, ninguém sabe, ninguém viu as idéias do governo.
Registro apenas para declarações
do ministro Jaques Wagner, na semana da posse, defendendo o fim da
multa sobre o FGTS para demissões
sem justa causa. Apanhou e recuou,
mas só tentava abrir o debate.
A proposta do governo FHC não tocava neste, naquele ou em vários
pontos da carcomida CLT. Pregava,
simplesmente, que sindicatos patronais e de trabalhadores pudessem negociar regras temporárias acima da
CLT. Como dizia o então ministro
Francisco Dornelles, que "o negociado prevalecesse sobre o legislado".
Em épocas de vacas magras, como
agora, poderia haver parcelamento
do 13º ou das férias, por exemplo.
Todo mundo (o PT principalmente) caiu de pau. Mas, lembre-se, todo
mundo (idem) também caiu de pau
na reforma da Previdência e ela está
aí, aprovada em primeiro turno na
Câmara, em pleno governo PT.
Resta saber se a questão vai ou não
ser enfrentada neste ano. Senão, babau. No ano que vem, com o PT entrando na eleição municipal como
caso de vida ou morte, não se falará
mais nisso. Grandes sindicatos vão
dizer que para sorte do trabalhador.
Talvez seja azar.
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