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São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

A terceira reforma

BRASÍLIA - Primeiro, a reforma da Previdência. Em seguida, a tributária. Depois tem mais? O governo Lula vai enfrentar a reforma trabalhista?
Como a da Previdência, a reforma trabalhista é doída para qualquer governo, quanto mais para o de um presidente e de um partido que nasceram no sindicalismo. Mas é necessária para o país e para um governo que prometeu 10 milhões de novos empregos na campanha.
Mexer com a aposentadoria de servidor é cutucar com vara curta 600 mil leões da ativa e 950 mil inativos. Mas regras trabalhistas mexem com milhões de trabalhadores.
Hoje, as grandes empresas driblam as regras e os ônus trabalhistas substituindo gente por informatização. As pequenas, trocando carteira assinada por informalidade. Sinal de que algo precisa ser revisto no sistema. Mas, até agora, ninguém sabe, ninguém viu as idéias do governo.
Registro apenas para declarações do ministro Jaques Wagner, na semana da posse, defendendo o fim da multa sobre o FGTS para demissões sem justa causa. Apanhou e recuou, mas só tentava abrir o debate.
A proposta do governo FHC não tocava neste, naquele ou em vários pontos da carcomida CLT. Pregava, simplesmente, que sindicatos patronais e de trabalhadores pudessem negociar regras temporárias acima da CLT. Como dizia o então ministro Francisco Dornelles, que "o negociado prevalecesse sobre o legislado". Em épocas de vacas magras, como agora, poderia haver parcelamento do 13º ou das férias, por exemplo.
Todo mundo (o PT principalmente) caiu de pau. Mas, lembre-se, todo mundo (idem) também caiu de pau na reforma da Previdência e ela está aí, aprovada em primeiro turno na Câmara, em pleno governo PT.
Resta saber se a questão vai ou não ser enfrentada neste ano. Senão, babau. No ano que vem, com o PT entrando na eleição municipal como caso de vida ou morte, não se falará mais nisso. Grandes sindicatos vão dizer que para sorte do trabalhador. Talvez seja azar.



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