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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Viva a democracia, abaixo a anarquia
Os nossos parlamentares estão de
parabéns. Trabalharam duro, negociaram à exaustão e puseram o Brasil acima dos seus interesses pessoais.
Assim foi a aprovação da reforma da
Previdência Social no primeiro turno
de votação na Câmara dos Deputados
na semana que passou.
O estresse foi grande. Os recuos, inevitáveis. Mas, no final, colocou-se o
país na direção certa.
Não haverá milagres imediatos. Os
principais impactos da reforma virão
a médio e a longo prazo. O importante
é que os investidores olharão para a
frente, vendo um déficit cadente, enquanto, até hoje, enxergavam um pavoroso desequilíbrio crescente -o
suficiente para jogar a taxa de juros
nas nuvens e espantar investimentos e
empregos.
Excelente também foi a conduta dos
parlamentares da oposição, que garantiram o difícil quórum para uma
mudança constitucional. Uma atitude
digna de aplausos, assim como foi merecedor de críticas o comportamento
dos opositores do passado que retiraram do plenário os votos para aprovar
os projetos.
Portanto, homenagens aos parlamentares da base governista -que tiveram competência para mobilizar
seus companheiros- e respeito aos
parlamentares da oposição -que tiveram o patriotismo de apoiar o Brasil
numa hora em que o mundo esperava
um sinal positivo no combate efetivo à
principal causa de déficit público -a
Previdência Social.
Há mais uma razão para cumprimentar os parlamentares. No dia da
votação, manifestantes equivocados,
em lugar de seguir o lema da nossa
bandeira -ordem e progresso-, decidiram investir contra as instalações
do Congresso Nacional, depredando o
que encontraram.
Como resposta, os congressistas deliberaram trabalhar mais ainda e votar
as matérias até a madrugada. Foi a resposta da democracia à anarquia. O
Brasil mostrou ter defensores aguerridos, que não se acanham em defender
os princípios democráticos até mesmo quando ameaçados. Oxalá os detratores da liberdade tenham aprendido que democracia sem ordem é tão
ruim quanto ordem sem democracia!
Por trás de todo esse esforço, há que
se destacar o realismo do presidente
da República, que, apesar de eleito por
muitos grupos corporativistas, colocou o futuro das próximas gerações à
frente de acertos eleitorais.
O presidente Lula cansou de dizer
que a reforma é para garantir a aposentadoria dos nossos filhos e netos.
Teve vontade política. Exerceu-a com
denodo. Conseguiu seu intento.
Há muitos aperfeiçoamentos a fazer
e novas votações a realizar, até mesmo
em outras áreas. Esperemos apenas
que, na reforma tributária, o governo
não venha tirar dos contribuintes o
que se deixou de economizar com o
projeto inicial da Previdência Social.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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