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ELIANE CANTANHÊDE
Além de tudo, burrice
BRASÍLIA - O governo investiga:
1 - Se o caseiro Francenildo Costa
tem ou não dinheiro na conta corrente, com quem tem conversado ao telefone ultimamente e se é ou não culpado por lavagem de dinheiro;
2 - Se é ou não filho não reconhecido de um empresário do Piauí que
morre de medo da mulher;
3 - Se a mãe dele tem 42 ou 43 anos;
4 - Se ele tinha avô e avó. Vai que
eles moravam na mesma rua de um
ex-vereador que morreu em 1960 e
cujo bisneto é do PFL em Teresina.
Tudo é possível nessa vida...
Já a sociedade quer saber:
1 - Se o caseiro falou a verdade ou
mentiu ao dizer que o ministro da
Fazenda era freqüentador assíduo da
casa que seus ex-assessores na Prefeitura de Ribeirão Preto alugaram no
bairro mais chique de Brasília;
2 - Se Palocci era o "chefe" da "república de Ribeirão" e se a casa alugada por eles era usada para intermediar negócios com o governo em
que ele é um dos manda-chuvas;
3 - Se o ministro da Fazenda fala a
verdade ou mente, não apenas nessa
questão da casa, mas em algumas
outras até agora não esclarecidas.
Exemplo: a denúncia de seu amigão
Rogério Buratti, de que a prefeitura,
na época de ambos, recolhia um
"mensalão" de R$ 50 mil que não ia
para os cofres públicos.
Esse descompasso entre as investigações do governo e as que os cidadãos querem resulta numa inversão
de papéis: a testemunha vira réu! E
começa o mais deslavado vale-tudo.
A CEF viola o sigilo bancário de um
caseiro e recusa-se a entregar o autor
e até os computadores. A Polícia Federal determina a quebra de sigilo
bancário e telefônico da vítima da
violação. E o Coaf decide investigá-la
por lavagem de dinheiro.
Além da agressão e da violência, o
mais assustador é a burrice. O governo do PT tentou transformar o caseiro em monstro, mas está à beira de
transformá-lo em mártir. E Palocci
vai cair do mesmo jeito. Mais um
prato cheio para a campanha adversária, entre tantos outros criados pelo
próprio governo e pelo próprio PT.
@ - elianec@uol.com.br
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