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Karina Costa
especial para o GD
Uma em cada quatro pessoas em todo
o mundo sofre, sofreu ou vai sofrer de depressão. Atualmente,
20% dos adolescentes e crianças, inclusive bebês brasileiros
estão com a doença, segundo dados da Organização Mundial de
Saúde (OMS). A cada fase da vida, a doença pode se manifestar
de uma forma, pelos mais variados motivos. Especialistas recomendam
que pais e responsáveis fiquem sempre alertas, que mantenham
diálogo com seus filhos e que não dispensem a procura de um
profissional.
Vários motivos podem levar à depressão:
ausência da figura materna, paterna ou do responsável; transtornos
familiares; perda de pessoas importantes e até mesmo animais
de estimação; maus-tratos; exclusão ou quadro genético familiar.
O fato de um recém-nascido ser afastado da mãe por precisar
ficar em uma incubadora, por exemplo, pode levá-lo à depressão.
O próprio nascimento do bebê pode causar a doença.
"Isso acontece porque ele estava protegido
na barriga e, ao nascer, tem que enfrentar o mundo," diz a
psicanalista, Soraya Hiss de Carvalho. Segundo ela, bebês
que choram pouco, dormem a noite toda e não se alimentam bem
podem ser depressivos. "Tudo isso é resposta de uma criança
que não tem o afeto dos pais, um estímulo para ser feliz,"
completa a psicóloga Cláudia de Abreu Pereira.
O início da vida escolar também pode
levar a doença. O fato de a criança não ser mais o centro
das atenções, permanecer menos tempo com os pais, ter dificuldade
para fazer amigos, ser tímida ou impedida de manifestar seus
desejos são algumas das causas da depressão infantil. No adolescente,
a doença aparece pelas mesmas razões e ainda por sucessivas
decepções amorosas ou mesmo por causa da obesidade.
"Além disso, o egoísmo de cada um
dos seres humanos pode causar a doença em seu dependente.
Os pais que muitas vezes dão atenção permanente a sua vida
profissional e esquecem de sua vida social e em família são
exemplos disso," conta a psicanalista.
Não é só a tristeza ou o recolhimento
que indicam que uma criança ou adolescente está com a doença.
A euforia, a agitação e o déficit de atenção também são indicadores
de depressão. Algumas reações permitem diferenciar a doença
de sentimentos momentâneos como tristeza, melancolia e euforia
da doença: "Qualquer um desses sintomas que persista de forma
intensa e progressiva por um tempo superior a três semanas,
é sinal de que a pessoa pode ter a doença", diz a especialista.
Aquelas pessoas que diminuem suas
atividades vitais, evitam o ambiente de troca afetivo-social
e perdem a vontade de fazer as coisas de que mais gostavam
são prováveis depressivos, segundo a psicóloga Claudia Pereira.
Também são sintomas evidentes o distúrbios do sono (insônia,
pesadelos), agressividade, fobia escolar, perda de energia
física e mental, cansaço matinal ou sintomas de regressão
- linguagem e hábitos de alimentação infantilizados, - no
caso daqueles que sentem ciúmes de um recém-nascido, um irmão
mais novo.
Algumas providências precisam ser
tomadas para ajudar quem está com depressão. Eliminar estimulantes
como cafeína; tomar banho frio ao acordar e quente para dormir;
ter horário regular para dormir; investir em lazer, atividades
esportivas e religiosas. Essas pessoas precisam também viver
num ambiente harmonioso recebendo atenção e estímulo por parte
das pessoas que o cercam. Para os que estão em tratamento,
é recomendado evitar bebidas e cigarros. E, em ambos os casos,
é imprescindível o acompanhamento médico e psicológico.
Quando se tem alguém na família que
já teve a doença, o recomendável é que se procure tratamento
preventivo, diz a psicóloga. "É recomendável procurar um profissional
da área, mesmo que a pessoa não tenha apresentado um quadro
de depressão. Isso faz com que ela crie recursos emocionais
para prevenir a doença ou não deixar que se desenvolva, se
for o caso," recomenda.
"Não seria necessária tanta prevenção
se cada pessoa tivesse laços seguros com pai, mãe e irmãos
os quais se respeitassem, fossem carinhosos, amorosos. As
pessoas têm que ser mais amigas, reservar um tempo útil para
estar com seus filhos e demais familiares. São coisas simples
que nos ajudam a prevenir consequências lá na frente," sugere
a psicanalista.
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