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A queda
recorde no número de homicídios em São Paulo, anunciada ontem
pelo governo estadual, segue uma tendência do que ocorre no
restante do país.
De 2004 para 2005, houve uma diminuição
de 18,56% desse tipo de violência no Estado, chegando a 7.276
em números absolutos -o menor dos últimos dez anos. Nacionalmente,
a queda pode ser observada em relatório do Ministério da Saúde.
O estudo mostra que, entre 2003 e 2004, o número de mortes
por arma de fogo no Brasil caiu 8%. Segundo o trabalho, o
homicídio representa 90% desse tipo de ocorrência.
Outro estudo, do IBGE, aponta recuo
de 6% no número de mortes violentas entre 2002 e 2004. "A
queda é nacional, mas parece que o ritmo em São Paulo está
mais acentuado", diz Renato Lima, coordenador do núcleo de
pesquisas do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais e
chefe da divisão de estudos socioeconômicos da Fundação Seade.
Especialistas afirmam que a ação da sociedade civil, em complemento
a políticas governamentais, como a Campanha do Desarmamento,
são as causas da diminuição. Lima cita cursos de capacitação
oferecidos pela gestão estadual e a atuação da Senasp, que
auxilia o financiamento dos Estados. A assessora de projetos
do Instituto São Paulo contra a Violência Adriana Loche acrescenta,
no âmbito governamental, a atuação das guardas municipais.
E sobre a atuação da sociedade civil,
Loche cita como exemplo o disque-denúncia de seu instituto,
que recebeu 97.335 chamados no ano passado. "Assim, consegue-se
evitar as causas dos homicídios", afirma.
Para o diretor científico do Ilanud
(instituto das Nações Unidas que estuda a violência), Guaracy
Mingardi, o poder público tem pouco peso na queda. "Se ele
fosse o responsável, teriam diminuído muito também crimes
como roubo de carro, que dependem da inteligência da polícia."
Esse crime teve pequeno recuo (2,17%).
O governador Geraldo Alckmin (PSDB)
atribui a diminuição dos homicídios à presença policial nas
ruas, serviço de inteligência e a prisões. "Saímos de 35,2
homicídios dolosos por 100 mil habitantes [o pico de casos
ocorreu em 1999] para 18,2 casos por 100 mil."
Segundo Alckmin, a queda do número
de homicídios é um dos principais responsáveis pelo aumento
da expectativa de vida no Estado. Ele citou dados da Fundação
Seade de 2000 a 2004, que aponta crescimento na expectativa
de vida das mulheres -de 76 para 77,2 anos- e dos homens -de
67,1 para 69,1 anos.
Distritos
Os homicídios dolosos caíram na maioria dos 93 distritos policiais
da cidade de São Paulo em 2005 em relação ao ano anterior.
Em 21 áreas, no entanto, houve crescimento.
No Campo Limpo, zona sul, o número
de homicídios dolosos passou de 97, em 2004, para 119, no
ano passado. Na avaliação de Luzinete Lucas, presidente do
Conseg local, a falta de emprego é o principal motivo do crescimento
da criminalidade.
Na Casa Verde, zona norte, as ocorrências
mais que duplicaram, subindo de oito para 21. No bairro do
Limão, também na zona norte, o aumento foi de dez ocorrências,
de 19 (2004) para 29 (2005).
Em Pinheiros, zona oeste, o número
de homicídios dobrou, passando de oito, em 2004, para 16,
no ano passado.
FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo
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