O advogado egípcio Mohammed
ElBaradei, 63, diretor da Agência Internacional de Energia
Atômica (AIEA) --organização da ONU criado para regular o
uso de armas nucleares-- ganhou, juntamente ao órgão que dirige,
o Prêmio Nobel da Paz deste ano, anunciado nesta sexta-feira.
O comunicado do Comitê do Prêmio Nobel dizia que, com a gratificação
reconhecia "os esforços [da ONU e de ElBaradei] em evitar
que a energia nuclear seja usada para fins militares, e em
garantir seu uso para fins pacíficos, da forma mais segura
possível". "Todos que contribuíram com a AIEA têm uma parte
nesse prêmio tão importante", afirmou o diretor do Comitê
do Nobel, Geir Lundestad, ao anunciar o prêmio.
ElBaradei e a agência da ONU começaram a ser cogitados como
um dos favoritos a vencer o prêmio dias antes do anúncio,
devido às crescentes especulações que de o comitê iria procurar
"honrar" as vítimas de armas nucleares, e aquele que tentam
conter o seu uso.
Em Viena (Áustria), onde fica a sede da agência, a porta-voz
da AIEA, Melissa Fleming, afirmou: "Esse é o momento mais
orgulhoso da minha carreira na AIEA. Eu nunca pensei que veria
esse dia, o mais orgulhoso para a agência. Estamos orgulhosos,
atônitos e felizes. Para uma organização como a nossa, não
há prêmio que nos dê maior reconhecimento".
O Prêmio Nobel da Paz concede a seu ganhador uma medalha de
ouro, um diploma, e um cheque de US$ 1,3 milhão.
Fundada em 1957 e com sede em Viena, a AIEA desempenhou um
papel fundamental nos meses anteriores à intervenção militar
anglo-americana contra o Iraque de Saddam Hussein em 2003.
Para a decepção dos Estados Unidos, que estavam convencidos
do contrário, a organização avaliou na época que o Iraque
não tinha armas nucleares de destruição em massa, uma opinião
que atualmente é admitida como correta por muitos analistas.
Aniversário
O prêmio foi concedido no momento em que a comunidade internacional
tem dificuldades para convencer o Irã e a Coréia do Norte
a renunciarem à produção de armas nucleares. Ambos os países
tiveram neste ano momentos difíceis de negociações com outros
países, e por várias vezes a interferência da AIEA foi fundamental.
A entrega do Nobel da Paz também coincide com o 60º aniversário
do lançamento de duas bombas atômicas, "Little Boy" e "Fat
Man", sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki,
em 6 e 9 de agosto de 1945.
Com este prêmio, o Comitê Nobel perpetua uma tradição informal,
iniciada há 20 anos, que consiste em recompensar organizações
ou indivíduos contrários às armas nucleares a cada aniversário
importante dos primeiros --e até agora únicos-- bombardeios
atômicos registrados no mundo, que deixaram ao menos 210 mil
mortos.
da Folha Online
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