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Redução da venda de DVDs das distribuidoras
para as locadoras atinge 580 mil unidades
Perdas em locações é de R$ 650 mi,
diz associação; para diretor da Sony, expansão
da rede de varejo e "grandes promoções"
são tendência
O mercado brasileiro de locação de DVDs passa
pela maior crise desde que o formato começou a se popularizar
no país, no início da década. O sinal
de alerta foi acionado em 2007 e, no primeiro trimestre deste
ano, ficou estridente.
De acordo com dados da União Brasileira de Vídeo
(UBV), que reúne as principais distribuidoras de filmes
e laboratórios de reprodução, as vendas
de discos para videolocadoras sofreram em 2007 uma redução
de 28,1%, equivalente a 2,4 milhões de unidades.
O que já era ruim piorou. O recuo na venda de títulos
de cinema e televisão, de janeiro a março deste
ano, foi de 33,1%, ou 580 mil unidades, com relação
ao mesmo período do ano passado. Os dados dizem respeito
apenas a discos de filmes e séries nacionais e internacionais,
embora o mercado de DVDs musicais também passe por
um mau momento.
As vendas diretas, em que o consumidor compra em lojas ou
na internet, haviam registrado um aumento de 6,6% (correspondente
a 1,335 milhão de cópias) em 2007 em relação
ao ano anterior. Mas, ainda no primeiro trimestre deste ano,
caíram 32,5% na comparação com o mesmo
período de 2007 (1,4 milhão de unidades). Os
estragos de 2007 corresponderam, segundo a UBV, a perdas de
aproximadamente R$ 650 milhões em locações,
com redução de 40% nos postos de trabalho nas
videolocadoras (e de 25% a 30% na indústria de DVDs).
A associação estima que funcionem hoje, no Brasil,
algo entre 8.000 e 9.000 locadoras regularizadas (eram 12
mil no início de 2006), com cerca de 35 mil empregos
diretos.
"Será difícil recuperar essas perdas",
diz Tânia Lima, diretora-executiva da UBV, para quem
a venda de cópias piratas foi o que mais afetou o cenário.
"Hoje, 60% do mercado de DVDs no Brasil é ilegal,
o que representa uma circulação de 10 milhões
de discos por ano." Tânia diz ainda não
acreditar na "erradicação total" da
pirataria, mas lamenta o fácil acesso ao produto ilegal.
"A indústria teria mais chances se houvesse maior
repressão. Precisamos falar com o consumidor final,
lembrá-lo de que, ao comprar um DVD pirata, ele se
transforma em receptador."
O aumento de downloads de filmes pela internet e a falta de
divulgação dos lançamentos pelas distribuidoras
contribuem igualmente para o cenário, na avaliação
de Luciano Damiani, presidente do Sindicato das Videolocadoras
do Estado de São Paulo (Sindemvideo), que reúne
1.600 associados, 50% deles na capital, onde a redução
nas locações "é mais acentuada do
que no interior".
"A maioria das locadoras manteve a estrutura por muito
tempo, achando que a situação iria melhorar,
e se endividou", afirma Damiani. "A situação
é muito delicada."
Mudança de hábito
A UBV e o Sindemvideo apostam que o Blu-ray, novo formato
de vídeo doméstico, possa contribuir, a longo
prazo, para reaquecer o mercado de locação,
por oferecer maior qualidade do que o DVD e dificultar a pirataria.
A mudança de hábitos de lazer dos jovens -hoje,
mais associados à internet- tende a definir em novos
patamares não só o mercado de DVD, mas também
o de cinema, diz Wilson Cabral, diretor da distribuidora Sony.
"O formato físico do filme não morrerá,
mas a sua circulação cairá substancialmente",
prevê.
As perdas no mercado de locação devem ser recuperadas
pela indústria, segundo Cabral, com a expansão
da rede de varejo, preços "ao alcance do consumidor"
e "grandes promoções". Até
a pirataria contribuiria para incrementar as vendas diretas.
"A tendência de quem comprou um disco pirata é,
em seguida, ter ou dar de presente um original."
O impacto inicial da retração, no entanto, pode
reduzir a oferta de títulos. "O mercado de cinema
será afetado porque, se você não tem mais
a certeza de que recuperará o seu investimento na segunda
mídia que é o vídeo, como investir na
compra de produções para exibir daqui a um ou
dois anos?", pergunta Wilson Feitosa, diretor da Europa,
distribuidora que atua em cinema e DVD.
Sérgio Rizzo
Colaborou Audrey Furlaneto
Folha de S.Paulo
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